quinta-feira, 21 de abril de 2011

Ex-deputado e combatente José Dirceu concede entrevista a novela que militares odeiam


Se os militares que eram contra a exibição da novela Amor e Revolução, no SBT, já não gostavam do enredo, passaram a gostar menos ainda agora que, nesta quarta-feira, o folhetim começa a apresentar uma longa entrevista com o ex-deputado José Dirceu, um dos principais quadros da luta contra a ditadura no país. Em seu depoimento, gravado na véspera, o ex-ministro José Dirceurelata sua prisão pelas forças do regime, em 1969, e o período em que viveu exilado em Cuba, depois clandestino no Brasil.

Além de Dirceu, gravaram seus depoimentos para a novela de Tiago Santiago nomes de heróis da resistência contra a ditadura brasileira como Criméia Almeida, ex-guerrilheira do Araguaia, e Rose Nogueira, que dividiu a cela no Dops com a presidente Dilma Rousseff.

O relato de Dirceu faz uma distinção entre a época em que foi preso, quando a tortura ainda não era corrente, e o recrudescimento posterior.

– Quando chegamos ao Dops houve uma sessão de pancadaria, de chutes – relembrou.

Ele contou que foram para o 4º Regimento de Infantaria (RI), unidade do Exército em que o capitão Lamarca esteve preso e ele foi vítima de maus tratos.

– A comida era uma lavagem, a cela era pra ter pneumonia e tuberculose. Percebemos que aquilo já era prenúncio do que estaria pra começar de tortura e da ditadura – afirma Dirceu ao SBT.

Dirceu também relatou o que houve no Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), onde cerca de 800 pessoas foram presas de forma arbitrária pelo regime militar.

– Nós recebemos a informação de que o lugar estava cercado e decidimos não sair. Fomos todos presos – conta Dirceu.

O depoimento do ex-guerrilheiro José Dirceu durou uma hora e deverá ser apresentado ao longo dos próximos capítulos.

(CdB)

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