quinta-feira, 31 de março de 2011

Um site pra lá de bom para quem quer saber sobre raios e aonde caem em tempo real.

Todos mais próximos a mim, sabem do grande trabalho que tive para diminuir o meu desconforto durante temporais. Já paguei diversos micos por conta deste desvio. Parece simples, mas não é. É uma síndrome de tempestade. Ainda bem, já pensou se tivesse a da barata?
Mas é muito sério! Tive até tratamento próprio com um amigo cientista da área da física. Mas na verdade, a grande sublimação acerca, foi quando o meu filho Iber resolveu viajar... Depois da certeza de nunca mais poder estar com ele, o que me intimidaria mais?!?!?!
Mas ainda suo e procuro abrigo. Tenho taquicardia e cagaço... bem menos.
Por isso busco sempre saber sobre o assunto. Afinal, quanto mais conhecemos o que nos aflige, melhor saber como conviver. Este é um dos casos em que a distância e o abrigo fazem bem.
Logo assim terminou a segunda tempestade de hoje, pude ter a noção exata do que se passou por aqui. Foi só me conectar ao rindat.
(Gozado, toda vez que toco neste assunto sempre lembro-me do meu irmãozinho de pane: o Leonardo Sardinha, o nosso querido Kiko ou também Café.)

Enfim, para quem gosta de conhecer os fenômenos da natureza e acompanhá-los em tempo real está a dica: http://www.rindat.com.br/.

O que é RINDAT?

A Rede Integrada Nacional de Detecção de Descargas Atmosféricas (RINDAT) é uma rede de sensores e centrais que permitem detectar em tempo real as descargas atmosféricas nuvem-solo, isto é, a maior parte das descargas que atingem o solo, em parte do território brasileiro.

A RINDAT foi criada a partir de um convênio de cooperação técnico-científico entre quatro instituições: a CEMIG (Companhia Energética de Minas Gerais), FURNAS (Furnas Centrais Elétricas), o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e o SIMEPAR (Sistema Meteorológico do Paraná).

Até o início de 2005, a RINDAT cobria cerca de um terço do país. Ao longo de 2005, a RINDAT esta passando por um processo de expansão, cuja meta é fazer com que a rede passe a cobrir dois terços do país, incluindo de forma integral as regiões sul, sudeste e centro-oeste. Em área de monitoramento, a RINDAT ocupa a terceira posição no mundo, sendo superada somente pelas redes existentes nos Estados Unidos e Canadá.


Os Objetivos Principais da RINDAT são:

- Intercâmbio dos sinais obtidos pelos sensores das diferentes instituições envolvidas, com o objetivo de ampliar a área de cobertura e melhorar a qualificação das informações obtidas.

- Integração dos procedimentos de análise, manutenção e operação conjunta, de modo a otimizar os custos e minimizar as perdas de dados, aumentando a redundância da rede.

- Intercâmbio de informações técnico-científicas. Com base nas tecnologias atualmente disponíveis, a RINDAT apresenta as seguintes características principais: eficiência de detecção entre 70% e 90%, precisão de localização média entre 0,5 km e 2 km, precisão média da estimativa do pico de corrente das descargas de 20% a 50% e capacidade de discriminação entre as descargas nuvem-solo e intra-nuvem de cerca de 80% a 90%, sendo que estes valores variam regionalmente.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Doença do laptop dá dores nos punhos, cotovelos e costas.

JULLIANE SILVEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O uso prolongado dos notebooks tem aumentado os casos de dores e lesões em ligamentos e articulações.

O formato do aparelho dificulta uma boa postura durante a digitação e pode causar problemas nos ombros, cotovelos, punhos e na coluna, além de dor de cabeça.

Preocupado com a popularização dos PCs portáteis entre estudantes norte-americanos, o especialista em reabilitação Kevin Carneiro, da Universidade da Carolina do Norte (EUA), cunhou o termo "laptoptite" em analogia a doenças como a tendinite para designar os problemas causados pelo aparelho.

"A diferença para os desktops é que, no notebook, o monitor e o teclado estão conectados, o que dificulta o posicionamento do corpo", disse Carneiro à Folha.

No Brasil, a tendência é a mesma. Em 2010, as vendas de notebooks superaram pela primeira vez as de desktops _foram vendidos mais de 7 milhões de computadores portáteis, segundo a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica.

A preferência pelos laptops é impulsionada pela queda nos preços e a facilidade no transporte. Os efeitos já são vistos nas clínicas.

"Recebo muitos pacientes com dores. A maioria dos problemas é de postura. A pessoa deita na cama e quer resolver tudo no laptop: não dá para ficar sem dor", diz Paulo Randal Pires, presidente do Comitê de Mão da Sbot (Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia).

A professora universitária Patrícia Alfredo, 29, já sente o ônus da mudança. Trocou o desktop pelo notebook há seis meses e já convive com dor no pescoço, cotovelo e na cabeça e tensão nos ombros.

"Uso a mesma mesa do desktop e adquiri um suporte. Mas, por mais que eu tente posicionar o computador direito, meu braço nunca fica totalmente correto." Mesmo assim, ela continua usando o notebook. "A tentação é grande, é muito fácil e carrego para todo lado."


Editoria de Arte / Folhapress


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MENOS TEMPO

Um estudo publicado em fevereiro na revista "Ergonomics" por pesquisadores da Boston University Sargent College, nos EUA, mostrou que usar o notebook por mais de quatro horas por dia já traz riscos de dores e lesões.

"O ideal seria usar esse tipo de computador só para emergências e viagens", diz Raquel Casarotto, professora de fisioterapia da Faculdade de Medicina da USP.

A pesquisa também avaliou o impacto do uso de cadeiras adequadas, suporte e teclado sem fio na redução de dores de 88 universitários durante três meses. O grupo que usou os acessórios apresentou menos problemas.

Como o monitor do notebook é fixo, não dá para deixá-lo na altura ideal sem a ajuda dos acessórios. No improviso, o usuário força o pescoço para baixo, tensionando ombros e coluna.

Os punhos também ficam mais tensos, porque é mais difícil apoiá-los no laptop. A posição errada altera a circulação sanguínea e afeta a nutrição dos tecidos, o que pode causar inflamações.

O ideal é acoplar um teclado ao aparelho, para melhorar a posição das mãos, e usar um suporte para elevar a tela à altura dos olhos.

A altura das teclas deve permitir que os ombros fiquem relaxados _por isso, o notebook não deve ser usado no colo, na cama ou em mesas altas, como as de jantar.

Quanto menor o aparelho, maiores são os riscos. Teclas pequenas obrigam o usuário a adotar uma postura restrita, comprimindo músculos e gerando tensão em todo o corpo.

"Um amigo se encantou com um notebook superpequeno, do Japão. Em três semanas de uso, desenvolveu uma inflamação dos tendões do cotovelo", diz Casarotto.

Atenção também aos tablets, que devem ficar apoiados em mesas. Segurá-los causa dores nos punhos e nos dedos. Mesmo na mesa, o pescoço fica curvado para baixo, piorando a postura.

"Ler no tablet não traz riscos, também não é proibido digitar rapidamente. Mas usá-lo sempre para navegação trará problemas, porque o aparelho precisaria ser colocado na vertical, o que é inviável", diz Casarotto.

Uma pérola!!!

      PASSAGEM DAS HORAS

    Trago dentro do meu coração,
    Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
    Todos os lugares onde estive,
    Todos os portos a que cheguei,
    Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
    Ou de tombadilhos, sonhando,
    E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.

    A entrada de Singapura, manhã subindo, cor verde,
    O coral das Maldivas em passagem cálida,
    Macau à uma hora da noite... Acordo de repente...
    Yat-lô--ô-ôôô-ô-ô-ô-ô-ô-ô...Ghi-...
    E aquilo soa-me do fundo de uma outra realidade...
    A estatura norte-africana quase de Zanzibar ao sol...
    Dar-es-Salaam (a saída é difícil)...
    Majunga, Nossi-Bé, verduras de Madagascar...
    Tempestades em torno ao Guardafui...
    E o Cabo da Boa Esperança nítido ao sol da madrugada...
    E a Cidade do Cabo com a Montanha da Mesa ao fundo...

    Viajei por mais terras do que aquelas em que toquei...
    Vi mais paisagens do que aquelas em que pus os olhos...
    Experimentei mais sensações do que todas as sensações que senti,
    Porque, por mais que sentisse, sempre me faltou que sentir
    E a vida sempre me doeu, sempre foi pouco, e eu infeliz.

    A certos momentos do dia recordo tudo isto e apavoro-me,
    Penso em que é que me ficará desta vida aos bocados, deste auge,
    Desta entrada às curvas, deste automóvel à beira da estrada, deste aviso,
    Desta turbulência tranqüila de sensações desencontradas,
    Desta transfusão, desta insubsistência, desta convergência iriada,
    Deste desassossego no fundo de todos os cálices,
    Desta angústia no fundo de todos os prazeres,
    Desta sociedade antecipada na asa de todas as chávenas,
    Deste jogo de cartas fastiento entre o Cabo da Boa Esperança e as Canárias.

    Não sei se a vida é pouco ou demais para mim.
    Não sei se sinto de mais ou de menos, não sei
    Se me falta escrúpulo espiritual, ponto-de-apoio na inteligência,
    Consangüinidade com o mistério das coisas, choque
    Aos contatos, sangue sob golpes, estremeção aos ruídos,
    Ou se há outra significação para isto mais cômoda e feliz.

    Seja o que for, era melhor não ter nascido,
    Porque, de tão interessante que é a todos os momentos,
    A vida chega a doer, a enjoar, a cortar, a roçar, a ranger,
    A dar vontade de dar gritos, de dar pulos, de ficar no chão, de sair
    Para fora de todas as casas, de todas as lógicas e de todas as sacadas,
    E ir ser selvagem para a morte entre árvores e esquecimentos,
    Entre tombos, e perigos e ausência de amanhãs,
    E tudo isto devia ser qualquer outra coisa mais parecida com o que eu penso,
    Com o que eu penso ou sinto, que eu nem sei qual é, ó vida.

    Cruzo os braços sobre a mesa, ponho a cabeça sobre os braços,
    É preciso querer chorar, mas não sei ir buscar as lágrimas...
    Por mais que me esforce por ter uma grande pena de mim, não choro,
    Tenho a alma rachada sob o indicador curvo que lhe toca...
    Que há de ser de mim? Que há de ser de mim?

    Correram o bobo a chicote do palácio, sem razão,
    Fizeram o mendigo levantar-se do degrau onde caíra.
    Bateram na criança abandonada e tiraram-lhe o pão das mãos.
    Oh mágoa imensa do mundo, o que falta é agir...
    Tão decadente, tão decadente, tão decadente...
    Só estou bem quando ouço música, e nem então.
    Jardins do século dezoito antes de 89,
    Onde estais vós, que eu quero chorar de qualquer maneira?

    Como um bálsamo que não consola senão pela idéia de que é um bálsamo,
    A tarde de hoje e de todos os dias pouco a pouco, monótona, cai.

    Acenderam as luzes, cai a noite, a vida substitui-se.
    Seja de que maneira for, é preciso continuar a viver.
    Arde-me a alma como se fosse uma mão, fisicamente.
    Estou no caminho de todos e esbarram comigo.
    Minha quinta na província,
    Haver menos que um comboio, uma diligência e a decisão de partir entre mim e ti.
    Assim fico, fico... Eu sou o que sempre quer partir,
    E fica sempre, fica sempre, fica sempre,
    Até à morte fica, mesmo que parta, fica, fica, fica...

    Torna-me humano, ó noite, torna-me fraterno e solícito.
    Só humanitariamente é que se pode viver.
    Só amando os homens, as ações, a banalidade dos trabalhos,
    Só assim - ai de mim! -, só assim se pode viver.
    Só assim, o noite, e eu nunca poderei ser assim!

    Vi todas as coisas, e maravilhei-me de tudo,
    Mas tudo ou sobrou ou foi pouco - não sei qual - e eu sofri.
    Vivi todas as emoções, todos os pensamentos, todos os gestos,
    E fiquei tão triste como se tivesse querido vivê-los e não conseguisse.
    Amei e odiei como toda gente,
    Mas para toda a gente isso foi normal e instintivo,
    E para mim foi sempre a exceção, o choque, a válvula, o espasmo.

    Vem, ó noite, e apaga-me, vem e afoga-me em ti.
    Ó carinhosa do Além, senhora do luto infinito,
    Mágoa externa na Terra, choro silencioso do Mundo.
    Mãe suave e antiga das emoções sem gesto,
    Irmã mais velha, virgem e triste, das idéias sem nexo,
    Noiva esperando sempre os nossos propósitos incompletos,
    A direção constantemente abandonada do nosso destino,
    A nossa incerteza pagã sem alegria,
    A nossa fraqueza cristã sem fé,
    O nosso budismo inerte, sem amor pelas coisas nem êxtases,
    A nossa febre, a nossa palidez, a nossa impaciência de fracos,
    A nossa vida, o mãe, a nossa perdida vida...

    Não sei sentir, não sei ser humano, conviver
    De dentro da alma triste com os homens meus irmãos na terra.
    Não sei ser útil mesmo sentindo, ser prático, ser quotidiano, nítido,
    Ter um lugar na vida, ter um destino entre os homens,
    Ter uma obra, uma força, uma vontade, uma horta,
    Unia razão para descansar, uma necessidade de me distrair,
    Uma cousa vinda diretamente da natureza para mim.

    Por isso sê para mim materna, ó noite tranqüila...
    Tu, que tiras o mundo ao mundo, tu que és a paz,
    Tu que não existes, que és só a ausência da luz,
    Tu que não és uma coisa, rim lugar, uma essência, uma vida,
    Penélope da teia, amanhã desfeita, da tua escuridão,
    Circe irreal dos febris, dos angustiados sem causa,
    Vem para mim, ó noite, estende para mim as mãos,
    E sê frescor e alívio, o noite, sobre a minha fronte...
    'Tu, cuja vinda é tão suave que parece um afastamento,
    Cujo fluxo e refluxo de treva, quando a lua bafeja,
    Tem ondas de carinho morto, frio de mares de sonho,
    Brisas de paisagens supostas para a nossa angústia excessiva...
    Tu, palidamente, tu, flébil, tu, liquidamente,
    Aroma de morte entre flores, hálito de febre sobre margens,
    Tu, rainha, tu, castelã, tu, dona pálida, vem...

    Sentir tudo de todas as maneiras,
    Viver tudo de todos os lados,
    Ser a mesma coisa de todos os modos possíveis ao mesmo tempo,
    Realizar em si toda a humanidade de todos os momentos
    Num só momento difuso, profuso, completo e longínquo.

    Eu quero ser sempre aquilo com quem simpatizo,
    Eu torno-me sempre, mais tarde ou mais cedo,
    Aquilo com quem simpatizo, seja uma pedra ou uma ânsia,
    Seja uma flor ou uma idéia abstrata,
    Seja uma multidão ou um modo de compreender Deus.
    E eu simpatizo com tudo, vivo de tudo em tudo.
    São-me simpáticos os homens superiores porque são superiores,
    E são-me simpáticos os homens inferiores porque são superiores também,
    Porque ser inferior é diferente de ser superior,
    E por isso é uma superioridade a certos momentos de visão.
    Simpatizo com alguns homens pelas suas qualidades de caráter,
    E simpatizo com outros pela sua falta dessas qualidades,
    E com outros ainda simpatizo por simpatizar com eles,
    E há momentos absolutamente orgânicos em que esses são todos os homens.
    Sim, como sou rei absoluto na minha simpatia,
    Basta que ela exista para que tenha razão de ser.
    Estreito ao meu peito arfante, num abraço comovido,
    (No mesmo abraço comovido)
    O homem que dá a camisa ao pobre que desconhece,
    O soldado que morre pela pátria sem saber o que é pátria,
    E o matricida, o fratricida, o incestuoso, o violador de crianças,
    O ladrão de estradas, o salteador dos mares,
    O gatuno de carteiras, a sombra que espera nas vielas —
    Todos são a minha amante predileta pelo menos um momento na vida.

    Beijo na boca todas as prostitutas,
    Beijo sobre os olhos todos os souteneurs,
    A minha passividade jaz aos pés de todos os assassinos
    E a minha capa à espanhola esconde a retirada a todos os ladrões.
    Tudo é a razão de ser da minha vida.

    Cometi todos os crimes,
    Vivi dentro de todos os crimes
    (Eu próprio fui, não um nem o outro no vicio,
    Mas o próprio vício-pessoa praticado entre eles,
    E dessas são as horas mais arco-de-triunfo da minha vida).

    Multipliquei-me, para me sentir,
    Para me sentir, precisei sentir tudo,
    Transbordei, não fiz senão extravasar-me,
    Despi-me, entreguei-rne,
    E há em cada canto da minha alma um altar a um deus diferente.

    Os braços de todos os atletas apertaram-me subitamente feminino,
    E eu só de pensar nisso desmaiei entre músculos supostos.

    Foram dados na minha boca os beijos de todos os encontros,
    Acenaram no meu coração os lenços de todas as despedidas,
    Todos os chamamentos obscenos de gesto e olhares
    Batem-me em cheio em todo o corpo com sede nos centros sexuais.
    Fui todos os ascetas, todos os postos-de-parte, todos os como que esquecidos,
    E todos os pederastas - absolutamente todos (não faltou nenhum).
    Rendez-vous a vermelho e negro no fundo-inferno da minha alma!

    (Freddie, eu chamava-te Baby, porque tu eras louro, branco e eu amava-te,
    Quantas imperatrizes por reinar e princesas destronadas tu foste para mim!)
    Mary, com quem eu lia Burns em dias tristes como sentir-se viver,
    Mary, mal tu sabes quantos casais honestos, quantas famílias felizes,
    Viveram em ti os meus olhos e o meu braço cingido e a minha consciência incerta,
    A sua vida pacata, as suas casas suburbanas com jardim,
    Os seus half-holidays inesperados...
    Mary, eu sou infeliz...
    Freddie, eu sou infeliz...
    Oh, vós todos, todos vós, casuais, demorados,
    Quantas vezes tereis pensado em pensar em mim, sem que o fósseis,
    Ah, quão pouco eu fui no que sois, quão pouco, quão pouco —
    Sim, e o que tenho eu sido, o meu subjetivo universo,
    Ó meu sol, meu luar, minhas estrelas, meu momento,
    Ó parte externa de mim perdida em labirintos de Deus!

    Passa tudo, todas as coisas num desfile por mim dentro,
    E todas as cidades do mundo, rumorejam-se dentro de mim ...
    Meu coração tribunal, meu coração mercado,
    Meu coração sala da Bolsa, meu coração balcão de Banco,
    Meu coração rendez-vous de toda a humanidade,
    Meu coração banco de jardim público, hospedaria,
    Estalagem, calabouço número qualquer cousa
    (Aqui estuvo el Manolo en vísperas de ir al patíbulo)
    Meu coração clube, sala, platéia, capacho, guichet, portaló,
    Ponte, cancela, excursão, marcha, viagem, leilão, feira, arraial,
    Meu coração postigo,
    Meu coração encomenda,
    Meu coração carta, bagagem, satisfação, entrega,
    Meu coração a margem, o lirrite, a súmula, o índice,
    Eh-lá, eh-lá, eh-lá, bazar o meu coração.

    Todos os amantes beijaram-se na minh'alma,
    Todos os vadios dormiram um momento em cima de mim,
    Todos os desprezados encostaram-se um momento ao meu ombro,
    Atravessaram a rua, ao meu braço, todos os velhos e os doentes,
    E houve um segredo que me disseram todos os assassinos.

    (Aquela cujo sorriso sugere a paz que eu não tenho,
    Em cujo baixar-de-olhos há uma paisagem da Holanda,
    Com as cabeças femininas coiffées de lin
    E todo o esforço quotidiano de um povo pacífico e limpo...
    Aquela que é o anel deixado em cima da cômoda,
    E a fita entalada com o fechar da gaveta,
    Fita cor-de-rosa, não gosto da cor mas da fita entalada,
    Assim como não gosto da vida, mas gosto de senti-la ...

    Dormir como um cão corrido no caminho, ao sol,
    Definitivamente para todo o resto do Universo,
    E que os carros me passem por cima.)

    Fui para a cama com todos os sentimentos,
    Fui souteneur de todas ás emoções,
    Pagaram-me bebidas todos os acasos das sensações,
    Troquei olhares com todos os motivos de agir,
    Estive mão em mão com todos os impulsos para partir,
    Febre imensa das horas!
    Angústia da forja das emoções!
    Raiva, espuma, a imensidão que não cabe no meu lenço,
    A cadela a uivar de noite,
    O tanque da quinta a passear à roda da minha insônia,
    O bosque como foi à tarde, quando lá passeamos, a rosa,
    A madeixa indiferente, o musgo, os pinheiros,
    Toda a raiva de não conter isto tudo, de não deter isto tudo,
    Ó fome abstrata das coisas, cio impotente dos momentos,
    Orgia intelectual de sentir a vida!

    Obter tudo por suficiência divina —
    As vésperas, os consentimentos, os avisos,
    As cousas belas da vida —
    O talento, a virtude, a impunidade,
    A tendência para acompanhar os outros a casa,
    A situação de passageiro,
    A conveniência em embarcar já para ter lugar,
    E falta sempre uma coisa, um copo, uma brisa, urna frase,
    E a vida dói quanto mais se goza e quanto mais se inventa.

    Poder rir, rir, rir despejadamente,
    Rir como um copo entornado,
    Absolutamente doido só por sentir,
    Absolutamente roto por me roçar contra as coisas,
    Ferido na boca por morder coisas,
    Com as unhas em sangue por me agarrar a coisas,
    E depois dêem-me a cela que quiserem que eu me lembrarei da vida.

    Sentir tudo de todas as maneiras,
    Ter todas as opiniões,
    Ser sincero contradizendo-se a cada minuto,
    Desagradar a si próprio pela plena liberalidade de espírito,
    E amar as coisas como Deus.

    Eu, que sou mais irmão de uma árvore que de um operário,
    Eu, que sinto mais a dor suposta do mar ao bater na praia
    Que a dor real das crianças em quem batem
    (Ah, como isto deve ser falso, pobres crianças em quem batem —
    E por que é que as minhas sensações se revezam tão depressa?)
    Eu, enfim, que sou um diálogo continuo,
    Um falar-alto incompreensível, alta-noite na torre,
    Quando os sinos oscilam vagamente sem que mão lhes toque
    E faz pena saber que há vida que viver amanhã.
    Eu, enfim, literalmente eu,
    E eu metaforicamente também,
    Eu, o poeta sensacionista, enviado do Acaso
    As leis irrepreensíveis da Vida,
    Eu, o fumador de cigarros por profissão adequada,
    O indivíduo que fuma ópio, que toma absinto, mas que, enfim,
    Prefere pensar em fumar ópio a fumá-lo
    E acha mais seu olhar para o absinto a beber que bebê-lo...
    Eu, este degenerado superior sem arquivos na alma,
    Sem personalidade com valor declarado,
    Eu, o investigador solene das coisas fúteis,
    Que era capaz de ir viver na Sibéria só por embirrar com isso,
    E que acho que não faz mal não ligar importâricia à pátria
    Porqtie não tenho raiz, como uma árvore, e portanto não tenho raiz
    Eu, que tantas vezes me sinto tão real como uma metáfora,

    Como uma frase escrita por um doente no livro da rapariga que encontrou no terraço,
    Ou uma partida de xadrez no convés dum transatlântico,
    Eu, a ama que empurra os perambulators em todos os jardins públicos,
    Eu, o policia que a olha, parado para trás na álea,
    Eu, a criança no carro, que acena à sua inconsciência lúcida com um coral com guizos.
    Eu, a paisagem por detrás disto tudo, a paz citadina
    Coada através das árvores do jardim público,
    Eu, o que os espera a todos em casa,
    Eu, o que eles encontram na rua,
    Eu, o que eles não sabem de si próprios,
    Eu, aquela coisa em que estás pensando e te marca esse sorriso,
    Eu, o contraditório, o fictício, o aranzel, a espuma,
    O cartaz posto agora, as ancas da francesa, o olhar do padre,
    O largo onde se encontram as suas ruas e os chauffeurs dormem contra os carros,
    A cicatriz do sargento mal encarado,
    O sebo na gola do explicador doente que volta para casa,
    A chávena que era por onde o pequenito que morreu bebia sempre,
    E tem uma falha na asa (e tudo isto cabe num coração de mãe e enche-o)...
    Eu, o ditado de francês da pequenita que mexe nas ligas,
    Eu, os pés que se tocam por baixo do bridge sob o lustre,
    Eu, a carta escondida, o calor do lenço, a sacada com a janela entreaberta,
    O portão de serviço onde a criada fala com os desejos do primo,
    O sacana do José que prometeu vir e não veio
    E a gente tinha uma partida para lhe fazer...
    Eu, tudo isto, e além disto o resto do mundo...
    Tanta coisa, as portas que se abrem, e a razão por que elas se abrem,
    E as coisas que já fizeram as mãos que abrem as portas...
    Eu, a infelicidade-nata de todas as expressões,
    A impossibilidade de exprimir todos os sentimentos,
    Sem que haja uma lápida no cemitério para o irmão de tudo isto,
    E o que parece não querer dizer nada sempre quer dizer qualquer cousa...

    Sim, eu, o engenheiro naval que sou supersticioso como uma camponesa madrinha,
    E uso monóculo para não parecer igual à idéia real que faço de mim,
    Que levo às vezes três horas a vestir-me e nem por isso acho isso natural,
    Mas acho-o metafísico e se me batem à porta zango-me,
    Não tanto por me interromperem a gravata como por ficar sabendo que há a vida...
    Sim, enfim, eu o destinatário das cartas lacradas,
    O baú das iniciais gastas,
    A entonação das vozes que nunca ouviremos mais -
    Deus guarda isso tudo no Mistério, e às vezes sentimo-lo
    E a vida pesa de repente e faz muito frio mais perto que o corpo.
    A Brígida prima da minha tia,
    O general em que elas falavam - general quando elas eram pequenas,
    E a vida era guerra civil a todas as esquinas...
    Vive le mélodrame oú Margot a pleuré!
    Caem as folhas secas no chão irregularmente,
    Mas o fato é que sempre é outono no outono,
    E o inverno vem depois fatalmente,
    há só um caminho para a vida, que é a vida...

    Esse velho insignificante, mas que ainda conheceu os românticos,
    Esse opúsculo político do tempo das revoluções constitucionais,
    E a dor que tudo isso deixa, sem que se saiba a razão
    Nem haja para chorar tudo mais razão que senti-lo.

    Viro todos os dias todas as esquinas de todas as ruas,
    E sempre que estou pensando numa coisa, estou pensando noutra.
    Não me subordino senão por atavisnio,
    E há sempre razões para emigrar para quem não está de cama.

    Das serrasses de todos os cafés de todas as cidades
    Acessíveis à imaginação
    Reparo para a vida que passa, sigo-a sem me mexer,
    Pertenço-lhe sem tirar um gesto da algibeira,
    Nem tomar nota do que vi para depois fingir que o vi.

    No automóvel amarelo a mulher definitiva de alguém passa,
    Vou ao lado dela sem ela saber.
    No trottoir imediato eles encontram-se por um acaso combinado,
    Mas antes de o encontro deles lá estar já eu estava com eles lá.
    Não há maneira de se esquivarem a encontrar-me,
    Não há modo de eu não estar em toda a parte.
    O meu privilégio é tudo
    (Brevetée, Sans Garantie de Dieu, a minh'Alma).

    Assisto a tudo e definitivamente.
    Não há jóia para mulher que não seja comprada por mim e para mim,
    Não há intenção de estar esperando que não seja minha de qualquer maneira,
    Não há resultado de conversa que não seja meu por acaso,
    Não há toque de sino em Lisboa há trinta anos, noite de S. Carlos há cinqüenta
    Que não seja para mim por uma galantaria deposta.

    Fui educado pela Imaginação,
    Viajei pela mão dela sempre,
    Amei, odiei, falei, pensei sempre por isso,
    E todos os dias têm essa janela por diante,
    E todas as horas parecem minhas dessa maneira.

    Cavalgada explosiva, explodida, como uma bomba que rebenta,
    Cavalgada rebentando para todos os lados ao mesmo tempo,
    Cavalgada por cima do espaço, salto por cima do tempo,
    Galga, cavalo eléctron-íon, sistema solar resumido
    Por dentro da ação dos êmbolos, por fora do giro dos volantes.
    Dentro dos êmbolos, tornado velocidade abstrata e louca,
    Ajo a ferro e velocidade, vaivém, loucura, raiva contida,
    Atado ao rasto de todos os volantes giro assombrosas horas,
    E todo o universo range, estraleja e estropia-se em mim.

    Ho-ho-ho-ho-ho!...
    Cada vez mais depressa, cada vez mais com o espírito adiante do corpo
    Adiante da própria idéia veloz do corpo projetado,
    Com o espírito atrás adiante do corpo, sombra, chispa,
    He-la-ho-ho ... Helahoho ...

    Toda a energia é a mesma e toda a natureza é o mesmo...
    A seiva da seiva das árvores é a mesma energia que mexe
    As rodas da locomotiva, as rodas do elétrico, os volantes dos Diesel,
    E um carro puxado a mulas ou a gasolina é puxado pela mesma coisa.

    Raiva panteísta de sentir em mim formidandamente,
    Com todos os meus sentidos em ebulição, com todos os meus poros em fumo,
    Que tudo é uma só velocidade, uma só energia, uma só divina linha
    De si para si, parada a ciciar violências de velocidade louca...
    Ho ----

    Ave, salve, viva a unidade veloz de tudo!
    Ave, salve, viva a igualdade de tudo em seta!
    Ave, salve, viva a grande máquina universo!
    Ave, que sois o mesmo, árvores, máquinas, leis!
    Ave, que sois o mesmo, vermes, êmbolos, idéias abstratas,
    A mesma seiva vos enche, a mesma seiva vos torna,
    A mesma coisa sois, e o resto é por fora e falso,
    O resto, o estático resto que fica nos olhos que param,
    Mas não nos meus nervos motor de explosão a óleos pesados ou leves,
    Não nos meus nervos todas as máquinas, todos os sistemas de engrenagem,
    Nos meus nervos locomotiva, carro elétrico, automóvel, debulhadora a vapor

    Nos meus nervos máquina marítima, Diesel, semi-Diesel,
    Campbell, Nos meus nervos instalação absoluta a vapor, a gás, a óleo e a eletricidade,
    Máquina universal movida por correias de todos os momentos!

    Todas as madrugadas são a madrugada e a vida.
    Todas as auroras raiam no mesmo lugar:
    Infinito...
    Todas as alegrias de ave vêm da mesma garganta,
    Todos os estremecimentos de folhas são da mesma árvore,
    E todos os que se levantam cedo para ir trabalhar
    Vão da mesma casa para a mesma fábrica por o mesmo caminho...

    Rola, bola grande, formigueiro de consciências, terra,
    Rola, auroreada, entardecida, a prumo sob sóis, noturna,
    Rola no espaço abstrato, na noite mal iluminada realmente
    Rola ...

    Sinto na minha cabeça a velocidade de giro da terra,
    E todos os países e todas as pessoas giram dentro de mim,
    Centrífuga ânsia, raiva de ir por os ares até aos astros
    Bate pancadas de encontro ao interior do meu crânio,
    Põe-me alfinetes vendados por toda a consciência do meu corpo,
    Faz-me levantar-me mil vezes e dirigir-me para Abstrato,
    Para inencontrável, Ali sem restrições nenhumas,
    A Meta invisível — todos os pontos onde eu não estou — e ao mesmo tempo ...

    Ah, não estar parado nem a andar,
    Não estar deitado nem de pé,
    Nem acordado nem a dormir,
    Nem aqui nem noutro ponto qualquer,
    Resol,,,er a equação desta inquietação prolixa,
    Saber onde estar para poder estar em toda a parte,
    Saber onde deitar-me para estar passeando por todas as ruas ...

    Ho-ho-ho-ho-ho-ho-ho

    Cavalgada alada de mim por cima de todas as coisas,
    Cavalgada estalada de mim por baixo de todas as coisas,
    Cavalgada alada e estalada de mim por causa de todas as coisas ...

    Hup-la por cima das árvores, hup-la por baixo dos tanques,
    Hup-la contra as paredes, hup-la raspando nos troncos,
    Hup-la no ar, hup-la no vento, hup-la, hup-la nas praias,
    Numa velocidade crescente, insistente, violenta,
    Hup-la hup-la hup-la hup-la ...

    Cavalgada panteísta de mim por dentro de todas as coisas,
    Cavalgada energética por dentro de todas as energias,
    Cavalgada de mim por dentro do carvão que se queima, da lâmpada que arde,
    Clarim claro da manhã ao fundo
    Do semicírculo frio do horizonte,
    Tênue clarim longínquo como bandeiras incertas
    Desfraldadas para além de onde as cores são visíveis ...

    Clarim trêmulo, poeira parada, onde a noite cessa,
    Poeira de ouro parada no fundo da visibilidade ...

    Carro que chia limpidamente, vapor que apita,
    Guindaste que começa a girar no meu ouvido,
    Tosse seca, nova do que sai de casa,
    Leve arrepio matutino na alegria de viver,
    Gargalhada súbita velada pela bruma exterior não sei como,
    Costureira fadada para pior que a manhã que sente,
    Operário tísico desfeito para feliz nesta hora
    Inevitavelmente vital,
    Em que o relevo das coisas é suave, certo e simpático,
    Em que os muros são frescos ao contacto da mão, e as casas
    Abrem aqu; e ali os olhos cortinados a branco...

    Toda a madrugada é uma colina que oscila,
    ...................................................................
    ... e caminha tudo

    Para a hora cheia de luz em que as lojas baixam as pálpebras
    E rumor tráfego carroça comboio eu sinto sol estruge

    Vertigem do meio-dia emoldurada a vertigens —
    Sol dos vértices e nos... da minha visão estriada,
    Do rodopio parado da minha retentiva seca,
    Do abrumado clarão fixo da minha consciência de viver.

    Rumor tráfego carroça comboio carros eu sinto sol rua,
    Aros caixotes trolley loja rua i,itrines saia olhos
    Rapidamente calhas carroças caixotes rua atravessar rua
    Passeio lojistas "perdão" rua
    Rua a passear por mim a passear pela rua por mim
    Tudo espelhos as lojas de cá dentro das lojas de lá
    A velocidade dos carros ao contrário nos espelhos oblíquos das montras,
    O chão no ar o sol por baixo dos pés rua regas flores no cesto rua
    O meu passado rua estremece camion rua não me recordo rua

    Eu de cabeça pra baixo no centro da minha consciência de mim
    Rua sem poder encontrar uma sensação só de cada vez rua
    Rua pra trás e pra diante debaixo dos meus pés
    Rua em X em Y em Z por dentro dos meus braços
    Rua pelo meu monóculo em círculos de cinematógrafo pequeno,
    Caleidoscópio em curvas iriadas nítidas rua.
    Bebedeira da rua e de sentir ver ouvir tudo ao mesmo tempo.
    Bater das fontes de estar vindo para cá ao mesmo tempo que vou para lá.
    Comboio parte-te de encontro ao resguardo da linha de desvio!
    Vapor navega direito ao cais e racha-te contra ele!
    Automóvel guiado pela loucura de todo o universo precipita-te
    Por todos os precipícios abaixo
    E choca-te, trz!, esfrangalha-te no fundo do meu coração!

    À moi, todos os objetos projéteis!
    À moi, todos os objetos direções!
    À moi, todos os objetos invisíveis de velozes!
    Batam-me, trespassem-me, ultrapassem-me!
    Sou eu que me bato, que me trespasso, que me ultrapasso!
    A raiva de todos os ímpetos fecha em círculo-mim!

    Hela-hoho comboio, automóvel, aeroplano minhas ânsias,
    Velocidade entra por todas as idéias dentro,
    Choca de encontro a todos os sonhos e parte-os,
    Chamusca todos os ideais humanitários e úteis,
    Atropela todos os sentimentos normais, decentes, concordantes,
    Colhe no giro do teu volante vertiginoso e pesado
    Os corpos de todas as filosofias, os tropos de todos os poemas,
    Esfrangalha-os e fica só tu, volante abstrato nos ares,
    Senhor supremo da hora européia, metálico a cio.
    Vamos, que a cavalgada não tenha fim nem em Deus!
    ...............................................................
    ...............................................................
    ...............................................................
    ...............................................................

    Dói-me a imaginação não sei como, mas é ela que dói,
    Declina dentro de mim o sol no alto do céu.
    Começa a tender a entardecer no azul e nos meus nervos.
    Vamos ó cavalgada, quem mais me consegues tornar?
    Eu que, veloz, voraz, comilão da energia abstrata,
    Queria comer, beber, esfolar e arranhar o mundo,
    Eu, que só me contentaria com calcar o universo aos pés,
    Calcar, calcar, calcar até não sentir.
    Eu, sinto que ficou fora do que imaginei tudo o que quis,
    Que embora eu quisesse tudo, tudo me faltou.

    Cavalgada desmantelada por cima de todos os cimos,
    Cavalgada desarticulada por baixo de todos os poços,
    Cavalgada vôo, cavalgada seta, cavalgada pensamento-relâmpago,
    Cavalgada eu, cavalgada eu, cavalgada o universo — eu.
    Helahoho-o-o-o-o-o-o-o ...

    Meu ser elástico, mola, agulha, trepidação ...

    Álvaro de Campos, 22-5-1916

    ---------------------------------------------------------------------

    Invocação

    Maria Bethânia

    Composição : Chico Césa

    Deus dos sem deuses
    deus do céu sem Deus
    Deus dos ateus
    Rogo a ti cem vezes
    Responde quem és?

    Serás Deus ou Deusa?
    Que sexo terás?
    Mostra teu dedo, tua língua, tua face
    Deus dos sem deuses




terça-feira, 29 de março de 2011

"Juventude, ciência e mídia", é o tema da palestra com Simone Bortoliero, no lançamento do 'Descomplicando a Ciência'.

13 de abril, no Centro de Convenções da UENF

Caros(as) colegas,
Dando continuidade ao esforço de fomentar, dentro da UENF, uma cultura de divulgação científica, gostaríamos de convidá-lo(a) a assistir à palestra "Juventude, ciência e mídia", que será ministrada no dia 13/04, quarta-feira, às 13h30, no Centro de Convenções da UENF, pela professora Simone Bortoliero, da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
No mesmo dia, haverá o lançamento do livro "Descomplicando a Ciência", coletânea de matérias de divulgação científica publicadas pela ASCOM/UENF de 2003 a 2006 no Jornal Monitor Campista, de Campos dos Goytacazes - extinto em 2009 - a partir de subsídios fornecidos pelos pesquisadores da UENF.
Estudiosa das questões relacionadas à comunicação pública da ciência,Simone Bortoliero pretende abordar, em sua palestra, como capacitar os jovens brasileiros a interpretar as representações da ciência na mídia. Ela vai mostrar formas de viabilizar projetos de popularização da ciência e tecnologia (C&T) com jovens de ensino médio, dentro da perspectiva de inclusão de novas tecnologias - como é o caso da produção de vídeos científicos com o uso de aparelhos celulares (tema de uma oficina que ela também vai ministrar na UENF, na parte da manhã, para alunos de ensino médio de uma escola da rede pública de Campos).
Simone também pretende falar ainda sobre as ações envolvendo mídia e ciência que vêm sendo realizadas no país na área de Educomunicação e, ainda, quais as concepções que os jovens têm da C&T no Nordeste do Brasil. A palestra é dirigida a professores/pesquisadores, alunos de graduação e pós-graduação, além de demais interessados.
As inscrições devem ser feitas previamente, pelo email uenf@uenf.br,colocando como assunto do email "Palestra Simone Bortoliero" e telefone para contato, até 06/04.
Atenciosamente
Fúlvia D?Alessandri
Gustavo Smiderle
ASCOM / UENF
(do Blog UENFezado)

Quando há coincidências entre o real e a ficção:Ex-líder da repressão no Araguaia é preso no DF

...É que a novela Araguaia também está nesta mesma fase de passar a 'história' a limpo.

Diversos documentos, um computador e uma arma de fogo foram apreendidos nesta terça-feira pelo Ministério Público Federal (MPF) durante operações de busca e apreensão nas duas residências do oficial da reserva Sebastião Curió Rodrigues de Moura, conhecido como major Curió, no Distrito Federal. Ele foi um dos líderes da repressão à Guerrilha do Araguaia (1972-1975) durante a ditadura militar.

Segundo a promotora Luciana Loureiro, "as buscas e apreensões são uma tentativa de localizar documentos que possam revelar o paradeiro de corpos de militantes políticos que participaram da guerrilha do Araguaia".

Por iniciativa própria, o major Curió prestou, também na manhã desta terça-feira, novo depoimento à Justiça e ao MPF.

Em seguida, o oficial foi encaminhado à Superintendência da Polícia Federal e foi preso em flagrante por porte ilegal de arma.

Em recente entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, ele disse que pelo menos 41 militantes foram executados após serem rendidos pelo Exército na época.

(JB)

Diovan já tem genérico no mercado.


Pode até ser de conhecimento de muitos, mas vale informar aos usuários de DIOVAN - o milagroso e caríssimo medicamento anti-hipertensivo do Novartis - que já está no mercado o seu genérico.
Fazia uso do 80mg + 12,5 (HTC- hidroclorotiazida). Era uma grana firme todos os meses, mesmo com o gentil cartão do próprio laboratório que me proporcionava 50% de desconto.
Acabo de comprar o mesmo medicamento, pasmem...:
Valsartana - EMS - R$ 19,12 (detalhe: a caixa com 30 comprimidos, o Diovan tem 28)
HTC - Neo Química: R$ 2,39.

Você pode me ajudar a acessar o portal da pmcg?

clique para ampliar

Há dias tento sem sucesso ter acesso ao portal da transparência de Campos dos Goitacases, porém não obtenho sucesso. Sempre aparece isso aí da reprodução acima. Alguém poderia ajudar? Afinal, minha intimidade é mínima com esse monstrinho chamado computador.
Haveria possibilidade desta minha joça estar desfigurada?
Agradeço a quem puder colaborar...

segunda-feira, 28 de março de 2011

Ciência e Tecnologia: Coluna da Ascom/UENF, 'Descomplicando a Ciência' vira livro

Lançamento terá oficina de produção de vídeos científicos em celulares e atividade com pesquisadores, técnicos, estudantes e outros interessados

Como capacitar os jovens brasileiros a interpretar as representações da ciência na mídia? Esta é uma das questões que a professora Simone Bortoliero (UFBA) deverá analisar em sua palestra intitulada "Ciência, juventude e mídia", em 13/04, às 13h30, no Centro de Convenções da UENF. Ela vai mostrar formas de viabilizar projetos de popularização da ciência e tecnologia com jovens de ensino médio, dentro da perspectiva de inclusão de novas tecnologias - como é o caso da produção de vídeos científicos com o uso de aparelhos celulares, tema de uma oficina que ela também vai ministrar na UENF, na parte da manhã, para alunos de ensino médio de uma escola da rede pública de Campos.

A palestra integra as atividades de lançamento do livro "Descomplicando a Ciência" - coletânea de matérias de divulgação científica publicadas no extinto jornal Monitor Campista pela Assessoria de Comunicação da UENF. Simone também pretende falar sobre as ações envolvendo mídia e ciência que vêm sendo realizadas no país na área de Educomunicação e, ainda, quais as concepções que os jovens têm da C&T no Nordeste do Brasil. A palestra é dirigida a professores/pesquisadores, alunos de graduação e pós-graduação, além de demais interessados. As inscrições devem ser feitas previamente, pelo email uenf@uenf.br, colocando como assunto do email "Palestra Simone Bortoliero".

Graduada em Comunicação Social/Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Simone Bortoliero é mestre e doutora em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo com trabalhos na área de Comunicação Científica e Tecnológica. Atualmente, trabalha na Faculdade de Comunicação (Facom) e em dois programas de Pós-Graduação da UFBA: "Cultura e Sociedade" e "Ensino, Filosofia e História das Ciências / Instituto de Física". Em seu pós-doutorado, ela está estudando o tema "Mídia e biocombustíveis".

Com experiência na área de Televisão e Vídeo, Simone atua principalmente nas áreas de "Mídia e Meio Ambiente", "Produção de Vídeos Educativos e Científicos", "Divulgação Científica", "Novas Tecnologias para Educação", "Comunicação para Educação em Ciências", "Comunicação para Educação em Saúde" e, "Jornalismo Científico e Ambiental". Nos biênios 2004-2005 e 2007-2008, foi diretora da Associação Brasileira de Jornalismo Científico (ABJC) e, em 2008, atuou também como pesquisadora visitante do Labjor (Laboratório de Estudos de Jornalismo Científico) da Unicamp. Neste mesmo ano, também atuou como especialista visitante do Lapeq/FE/USP (Laboratório de Pesquisa em Ensino de Química da USP).

Livro - O livro "Descomplicando a Ciência" é uma coletânea de matérias de divulgação científica elaboradas pelos jornalistas Fúlvia D’Alessandri e Gustavo Smiderle, da Assessoria de Comunicação da UENF, a partir de subsídios fornecidos por pesquisadores da UENF. As matérias foram publicadas todos os domingos, ininterruptamente, no período de setembro de 2003 a setembro de 2006, no jornal Monitor Campista, de Campos dos Goytacazes. Na época, era o terceiro jornal mais antigo do país em circulação, mas encerrou atividades em 15 de novembro de 2009. A maioria das matérias foi revisada e atualizada pelos próprios pesquisadores colaboradores por ocasião da organização do livro.

(ascom/uenf)

Dengue tipo 4 preocupa especialistas

Depois da confirmação de casos de dengue tipo 4 em mais três Estados na última semana, especialistas mostram preocupação pelo fato da maior parte dos brasileiros não ter imunidade contra esse tipo de vírus, o que aumenta as chances de casos graves da doença.

De acordo com o infectologista Celso Granato, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o vírus tipo 4 não é mais perigoso ou letal em relação às outras variações (1,2 ou 3). Os sintomas são idênticos – dor de cabeça, dores no corpo e nas articulações, febre, diarreia e vômito, assim como o tratamento.

No entanto, esse sorotipo não circulava há pelo menos 28 anos no Brasil e a maioria da população não teve contato com ele, por isso está desprotegida. Quando uma pessoa contrai um tipo de dengue cria imunidade a esse vírus, porém pode ser infectado pelos outros tipos. Por exemplo, quem teve dengue tipo 1, pode ter dengue tipo 2, 3 ou 4. A cada vez que indivíduo é infectado, maior a possibilidade de contrair a forma grave, como dengue hemorrágica.

– Uma parcela da população poderá ter dengue pela segunda vez, pela terceira vez [por causa do sorotipo viral 4]. O vírus não é pior, mas a população está suscetível. A maioria está experimentada para os tipos 1 e 3 – disse Celso Granato.

O último levantamento do Ministério da Saúde revelou que a maioria das vítimas de dengue no país é infectada pelo tipo 1. Das 1856 amostras de sangue analisadas pela pasta, 81,8% deram positivo para esse sorotipo. A dengue 4 apareceu em 5,4% das análises, apenas para os estados de Roraima, do Amazonas e do Pará.

A falta de imunidade ao vírus eleva as chances de uma epidemia de dengue 4 no Brasil. Para o infectologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Edmilson Migowski, o aumento de casos da doença não deve ser imediato. Ele prevê que o efeito deve ser sentido no verão de 2012.

– Se nada for feito para o controle do mosquito, podemos ter um cenário drástico no verão de 2012. A epidemia tipo 4 não poupará ninguém – alerta o especialista.

O Ministério da Saúde reconhece a possibilidade de mais casos graves da doença por causa do sorotipo viral 4. Até o momento, não há epidemia em nenhum estado associada à dengue 4. De acordo com o órgão, países da América Latina e Caribe, onde há circulação do vírus, também não registraram epidemias provocadas pelo vírus. Como precaução, o governo federal recomenda às secretarias estaduais e municipais o reforço nas ações de controle do mosquito transmissor, aedes aegypti, para evitar novos casos.

“A orientação é para que sejam aplicadas medidas de contenção, com aplicação de larvicidas e inseticidas nos bairros das cidades com confirmação de casos, e visitas de agentes comunitários de saúde em 100% dos domicílios com casos suspeitos e confirmados de DENV-4. Além disso, intensificar ações de eliminação de criadouros, limpeza urbana e busca ativa de novos casos suspeitos”, informou o ministério.

Desde o início do ano, o ministério tornou obrigatória a notificação dos casos de dengue 4. No total, foram 51 casos espalhados pelos seguintes estados: Roraima (18), Amazonas (17), Pará (11), Rio de Janeiro (2), Bahia (2) e Piauí (1), conforme dados das secretarias estaduais de saúde. As primeiras notificações ocorreram em Roraima, a partir de julho do ano passado, por onde o vírus reingressou no país proveniente da Venezuela, segundo especialistas. Os registros mais recentes foram na Bahia e no Rio de Janeiro.

(Correio do Brail - Redação, com ABr - do Rio de Janeiro)

Carolina Pimentel - Repórter da Agência Brasil

domingo, 27 de março de 2011

Doação de sangue - URGENTE


"Dona Luiza Helena Pinheiro Fagundes, mãe de minha querida amiga Cíntia, internada com dengue hemorrágica, neste momento precisa com urgência do sangue O+. Desde já agradeço aos que puderem doar. É só comparecer ao Hemocentro do Hospital Ferreira Machado.

Aproveito para pedir aos amigos que não puderem doar, que tentem ajudar divulgando esta postagem.

Decisão do STF sobre a Lei da Ficha Limpa em pouco altera o panorama da bancada fluminense em Brasílía.

A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que impediu a aplicação da Lei da Ficha Limpa nas últimas eleições, pouco altera o quadro político do Rio de Janeiro na Câmara Federal. Apenas duas mudanças ocorrerão, nos próximos dias, e os beneficiados serão os ex-prefeitos de Campos, Arnaldo Vianna (PDT), e de Três Rios, Celso Jacob (PMDB), cujos registros das candidaturas no ano passado foram negados pelo TRE. Candidatos à Câmara, Vianna recebeu 53.605 votos e Jacob, 31.202. Com nova totalização, eles garantirão vagas e provocarão a mudança no coeficiente eleitoral, mas não é possível dizer quem perderá o assento em Brasília e se haverá mais mudanças.

O Partido dos Trabalhadores divulgou, neste sábado, suas primeiras análises e constata que a legenda perderá os deputados Luci Choinaki (SC), Professora Marcivânia (AP) e Ságuas Moraes (MT), que serão substituídos por João Alberto Pizzolatti (PP-SC), Janete Capiberibe (PSB-AP) e Nilson Aparecido Leitão (PSDB-MT). A definição final da lista de novos parlamentares, todos envolvidos em processos na Justiça, no entanto, ainda vai demorar. O STF vai analisar caso a caso e somente se pronunciará nas ações impetradas pelos interessados. As mudanças não serão automáticas. A expectativa é que sejam analisados pelo menos 60 casos de barrados pela Lei da Ficha Limpa.

Presidente do STF, Cezar Peluso anunciou, na véspera, que irá propor à presidenta Dilma Rousseff mudança na sanção de leis. O ministro sugere que, antes de serem sancionadas, passem pela análise do STF, para que sua constitucionalidade seja avaliada antes que produzam algum efeito. O objetivo é impedir que leis sejam contestadas depois de sancionadas e sobrecarga no Judiciário. Segundo Peluso, esse procedimento já é adotado em países europeus.

(Redação - Rio de Janeiro)


sábado, 26 de março de 2011

Nota muito triste!

Com muita tristeza informo o falecimento de um grande amigo e irmão. O meu companheiro de todas as horas, o Chapisco. Em sua simplicidade e coração mole, sempre foi uma pessoa que muito me ensinou nesta vida.
Sem dúvida, Goitacazes estará mais triste a partir de hoje.
Gente grande com pureza de criança...

quinta-feira, 24 de março de 2011

Parabéns pra você...

Fúlvia,
Como nos outros anos, continuo dizendo que o maior presente a natureza já te deu...
Sua filhas lindas (na alma, principalmente)!!!!
Você merece toda a paz e felicidade do mundo.

terça-feira, 22 de março de 2011

PROFESSORES DA UENF TERÃO REAJUSTE DE 22% EM MENOR NÚMERO DE PARCELAS

O reajuste de 22% que será concedido aos professores integrantes do quadro permanente da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) sofreu mudanças, na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), que melhoram o sistema de pagamento do aumento. Inicialmente previsto pelo Governo do Estado em seis parcelas de 3,37% sobre o vencimento, o texto foi aprovado na forma de um substitutivo, em discussão única, nesta terça-feira (22/03), com uma mudança no mês de referência para o início pagamento, que passou de fevereiro para janeiro. Com isso, o primeiro pagamento a ser feito vai agrupar três parcelas, o que corresponde à metade do reajuste, ou 11%. A partir de maio serão pagas outras três 3,37%. “O aumento retroativo a janeiro, implicará, na verdade, que ele seja feito não em seis vezes, mas em quatro. O pagamento de janeiro, fevereiro e março será feito em folha suplementar, de uma vez só”, explicou o líder do Governo na Casa, deputado André Corrêa, em plenário. O projeto de lei 89/01 será enviado ao governador Sérgio Cabral, que terá 15 dias úteis para sancionar ou vetar o texto.
(Fernanda Porto)

Norte-americanos classificam viagem de Obama ao Brasil como passeio a balneário nos trópicos


Entrem no site oficial da Casa Branca e veja os destaques para a visita ao

Brasil: http://www.whitehouse.gov

A visita do presidente norte-americano, Barack Obama, ao Brasil, neste fim de semana, recebeu a leitura da imprensa naquele país de uma viagem de férias da primeira-família aos trópicos, com direito a passeios por um balneário afrodisíaco, exótico e pitoresco, enquanto os EUA se envolvem no mais dramático fato militar da atualidade, ao integrar o grupo de países que pretende, se for o caso, intervir militarmente na Líbia. Ao noticiar o embarque do mandatário dos EUA, a rede norte-americana de TV CNN deixou clara a crítica ao governo brasileiro por se abster na decisão das Nações Unidas (ONU), que autorizou um zona de exclusão sobre o espaço aéreo líbio.

“Apenas algumas horas após declarar, na Casa Branca, que ele ajudou a formar uma forte coalizão para o lançamento de uma ação militar contra o líder líbio Muammar Gaddafi, se necessário, o presidente Obama desembarca em um país que se absteve em uma votação crítica do Conselho de Segurança da ONU sobre a autorização do uso da força”.

A posição do Brasil na votação, em desacordo com os EUA, no entanto, não alterou a posição das duas nações acerca de uma ampla reforma do Conselho de Segurança, segundo o comunicado conjunto a divulgado neste sábado. O presidente norte-americano reconhece a prioridade para ampliar o papel do Brasil nos organismos internacionais.

Após a reunião no Palácio do Planalto, seguiu-se o almoço para 200 convidados, do qual não participou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele foi o único ex-presidente brasileiro a recusar convite da presidenta Dilma Rousseff. Segundo assessores de Lula, ele optou por não comparecer para não interferir no evento, uma vez que cumpre um período de ‘quarentena’ e prefere evitar os holofotes da mídia.

Manifestantes presos

Enquanto Obama transitava em uma limusine blindada na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, no Rio – última parada na visita presidencial ao Brasil – as 13 pessoas presas na véspera, durante ato contra a visita do presidente norte-americano, no Centro do Rio, lotavam outro veículo, sem qualquer blindagem ou ar-condicionado, em direção aos presídios Ari Franco, em Água Santa, (Zona Norte) e Joaquim Ferreira, em Bangu (Zona Oeste). Entre eles estava um menor de idade, que foi encaminhado para a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA).

Todos foram autuados por incêndio e lesão corporal porque alguns manifestantes atiraram um artefato incendiário, que não chegou a atingir o consulado norte-americano. Um vigilante sofreu queimaduras ao ser atingido por um coquetel molotov. Ele recebeu atendimento e prestou depoimento aos policiais. Agentes do Esquadrão Antibombas e do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) fizeram uma perícia no entorno do consulado norte-americano.

Na manhã deste sábado, os representantes das CSP-Conlutas e da Associação Nacional dos Estudantes-Livre e sindicatos diversos, assinaram uma nota conjunta com o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU).

Segundo a nota, “o protesto faz parte de uma jornada nacional, que inclui atos em outras cidades e tem como objetivo denunciar a visita de Obama, a entrega do petróleo, os acordos de livre comércio. Também pretende apoiar a revolução árabe e denunciar os ataques do imperialismo aos povos do mundo, como no Iraque, e que agora se repete na Líbia”.

“O PSTU apoiou o protesto e participou ativamente de sua organização. Durante a semana, o partido tem realizado várias ações contra a visita de Obama, com milhares de cartazes e até faixas em um avião que circula pelos céus do Rio de Janeiro.

“Desde as 16h, horário marcado para a concentração, os policiais demonstravam que não tolerariam o protesto. Chegaram a impedir a entrada de um carro de som na Candelária e não queriam deixar que a caminhada seguisse pela Av. Rio Branco.

“Apenas depois de uma longa negociação, de quase duas horas, a passeata pôde deixar a Candelária. No momento, já somavam 400 pessoas, inclusive muitas crianças. A passeata foi aplaudida ao longo da Av. Rio Branco, demonstrando que o apoio à visita não é unâmime.

“O acordo com o comando policial previa que a passeata seguiria até o Consulado dos EUA, onde seria feito apenas um ato simbólico, seguindo até a Cinelândia. O objetivo era ocupar a praça, símbolo de resistência à ditadura militar, e que Obama tentou usar agora como palco para seu discurso.

“Em frente ao Consulado, o ato iniciou com discursos, palavras de ordem. Simbolicamente, sapatos foram atirados contra uma bandeira dos Estados Unidos, repetindo um gesto comum nas revoltas árabes.

“No momento em que estavam reunidos em um grande círculo, os manifestantes e os jornalistas escutaram uma explosão ao fundo e foram surpreendidos com o avanço da polícia, que atacou com cassetetes, atirou com balas de borracha e lançou bombas de gás e depois perseguiu os manifestantes pelas ruas vizinhas. As cenas desse momento foram gravadas por manifestantes e estão em nosso site.

“Dezenas de pessoas ficaram feridas e entre 12 e 15 manifestantes foram presos. Entre eles, um estudante, menor de idade. Até as 22h, ninguém havia sido solto.

“A polícia declarou que coqueteis molotov foram jogados contra os policiais, atingindo um segurança do Consulado. Sobre isso, declaramos que nem o PSTU e tampouco qualquer uma das entidades que organizaram o ato concordam ou apoiam atitudes como essa no ato, convocado como uma manifestação totalmente pacífica.

“Este espírito pacífico era compartilhado pelos manifestantes. Entendemos que transformar a passeata em uma batalha apenas favoreceria o imperialismo, evitando que se discuta as verdadeiras intenções da visita. Neste sentido, desconhecemos os autores do ataque e queremos vir a público declarar nossa desconfiança de que provocadores tenham se infiltrado no ato, com esse objetivo.

“Os artefatos lançados não justificam a reação completamente desproporcional da polícia do governador Sérgio Cabral, que agiu atacando e prendendo a esmo. A selvageria se seguiu por várias horas, com policiais perseguindo manifestantes pelas ruas próximas a Cinelândia, revistando e prendendo sem provas.

“A ação policial derruba por terra qualquer respeito à liberdade e os direitos humanos e indica uma criminalização dos protestos, ao melhor estilo dos Estados Unidos. Um exemplo foi dado na delegacia, quando policiais exibiram suas “apreensões”: uma garrafa de cerveja que teria sido usada como parte de um coquetel molotov e um soco inglês. Para que a imprensa fotografasse, foi colocada uma bandeira e um cartaz do PSTU, atribuindo responsabilidade sobre os ataques. Desde quando uma bandeira, um símbolo de um partido político pode ser apresentado como algo criminoso?

“Exigimos uma investigação e uma resposta do governador Sergio Cabral e de seus secretários de Segurança e de Direitos Humanos sobre os fatos desta sexta-feira. Imediatamente, exigimos a libertação de todos os presos, principalmente o menor de idade, que, pela lei, não poderia estar em uma delegacia policial.

“Por último, o PSTU afirma que não deixará de protestar contra os Estados Unidos por conta dos ataques da polícia de Sergio Cabral. Continuaremos nas ruas, e nosso próximo ato será no domingo, às 10h, no Largo do Machado. Convocamos todos a participarem deste ato, e transformar esse dia em um grande repúdio à violência de hoje e a criminalização dos que lutam”.

(Correio do Brasil - de Brasília e Rio de Janeiro)

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Mídia dos EUA quase ignorou visita ao Brasil

Gustavo Chacra - O Estado de S.Paulo

O início das ações militares dos EUA seus aliados na Líbia ofuscou a viagem do presidente Barack Obama ao Brasil. A visita quase não teve repercussão na imprensa americana - bem diferente de quando o Obama esteve na Índia e na China.

As principais redes de TV mostraram a praia de Copacabana ao fundo para comentar as declarações de Obama sobre os ataques à Líbia. O site Politico.com ironizou os esforços da Casa Branca para atrair a atenção da mídia americana para as relações com o Brasil.

Todos estavam interessados apenas no que Obama falaria da Líbia. A mídia dos EUA criticou o presidente por ter viajado à América do Sul com o início dos bombardeios à Líbia e a crise criada pelo terremoto no Japão.