Antes de lançar seus caças contra as forças de Gaddafi, os governos francês, inglês, norte-americano e de alguns países árabes enviaram um ultimato ao coronel Gaddafi para cessar todo e qualquer ataque aos civis e resistentes, restabelecer os aprovisionamentos d´água e eletricidade nas cidades reocupadas e retirar suas tropas. Esse ultimato foi enviado depois de uma reunião de urgência, nesta sexta-feira, no Palácio do Eliseu, em Paris.
Neste sábado, antes de qualquer ação militar, haverá em Paris um encontro de alto nível reunindo representantes de países europeus, africanos, árabes e dos EUA, a fim de se discutir a proposta de cesssar-fogo de Gaddafi e avaliar até onde ela é aceitável e verdadeira e, caso positivo, como poderá ser aplicada.
Entretanto, se Gaddafi continuar exercendo ações militares contra seus opositores, como parece o caso ainda hoje, a França será o primeiro país a desfechar os ataques. Segundo planificação feita, esses ataques deverão incluir bases de comando, aeroportos e depósitos de armas e munições, postos de baterias antiaéreas, em diversos lugares da Líbia.
A resolução da ONU não permite qualquer ação terrestre, por isso todos os ataques serão desfechados por aviões franceses, ingleses, australianos, canadenses, belgas e do Qatar. A posição da Alemanha, se abstendo do voto como o Brasil, impediu uma unanimidade entre os europeus. Não há também unanimidade na OTAN, o que complica a ação militar.
As ameaças de Gaddafi, pouco antes de ter sido aprovada a resolução da ONU de atacar aviões e navios civis e militares no Mediterrâneo criaram algumas preocupações e adiaram os ataques, preferindo-se no momento encontrar-se uma última solução negociada. Entretanto, a margem de negociação é estreita, pois todos os países dessa frente contra Gaddafi exigem sua retirada do poder, mesmo se Gaddafi afirma não exercer qualquer poder, pois teria sido entregue às comunidades e comitês do povo líbio.
De qualquer forma, qualquer ataque à Líbia significará a entrada da França, Inglaterra e outros países em guerra com a Líbia, não se podendo prever quanto tempo poderão durar as hostilidades e nem se terão consequências dentro do continente europeu. Foi provavelmente na avaliação desses riscos, imprevisíveis, que a Alemanha, com eleições à vista, preferiu se abster na votação da resolução e adotar uma atitude moderada, que, em termos europeus, significou o rompimento da união francogermana. Entretanto, a chanceler Angela Merkel estará presente no encontro deste sábado em Paris.
(Rui Martins, jornalista, escritor, correspondente do Correio do Brasil em Genebra)
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