terça-feira, 22 de março de 2011

Norte-americanos classificam viagem de Obama ao Brasil como passeio a balneário nos trópicos


Entrem no site oficial da Casa Branca e veja os destaques para a visita ao

Brasil: http://www.whitehouse.gov

A visita do presidente norte-americano, Barack Obama, ao Brasil, neste fim de semana, recebeu a leitura da imprensa naquele país de uma viagem de férias da primeira-família aos trópicos, com direito a passeios por um balneário afrodisíaco, exótico e pitoresco, enquanto os EUA se envolvem no mais dramático fato militar da atualidade, ao integrar o grupo de países que pretende, se for o caso, intervir militarmente na Líbia. Ao noticiar o embarque do mandatário dos EUA, a rede norte-americana de TV CNN deixou clara a crítica ao governo brasileiro por se abster na decisão das Nações Unidas (ONU), que autorizou um zona de exclusão sobre o espaço aéreo líbio.

“Apenas algumas horas após declarar, na Casa Branca, que ele ajudou a formar uma forte coalizão para o lançamento de uma ação militar contra o líder líbio Muammar Gaddafi, se necessário, o presidente Obama desembarca em um país que se absteve em uma votação crítica do Conselho de Segurança da ONU sobre a autorização do uso da força”.

A posição do Brasil na votação, em desacordo com os EUA, no entanto, não alterou a posição das duas nações acerca de uma ampla reforma do Conselho de Segurança, segundo o comunicado conjunto a divulgado neste sábado. O presidente norte-americano reconhece a prioridade para ampliar o papel do Brasil nos organismos internacionais.

Após a reunião no Palácio do Planalto, seguiu-se o almoço para 200 convidados, do qual não participou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele foi o único ex-presidente brasileiro a recusar convite da presidenta Dilma Rousseff. Segundo assessores de Lula, ele optou por não comparecer para não interferir no evento, uma vez que cumpre um período de ‘quarentena’ e prefere evitar os holofotes da mídia.

Manifestantes presos

Enquanto Obama transitava em uma limusine blindada na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, no Rio – última parada na visita presidencial ao Brasil – as 13 pessoas presas na véspera, durante ato contra a visita do presidente norte-americano, no Centro do Rio, lotavam outro veículo, sem qualquer blindagem ou ar-condicionado, em direção aos presídios Ari Franco, em Água Santa, (Zona Norte) e Joaquim Ferreira, em Bangu (Zona Oeste). Entre eles estava um menor de idade, que foi encaminhado para a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA).

Todos foram autuados por incêndio e lesão corporal porque alguns manifestantes atiraram um artefato incendiário, que não chegou a atingir o consulado norte-americano. Um vigilante sofreu queimaduras ao ser atingido por um coquetel molotov. Ele recebeu atendimento e prestou depoimento aos policiais. Agentes do Esquadrão Antibombas e do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) fizeram uma perícia no entorno do consulado norte-americano.

Na manhã deste sábado, os representantes das CSP-Conlutas e da Associação Nacional dos Estudantes-Livre e sindicatos diversos, assinaram uma nota conjunta com o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU).

Segundo a nota, “o protesto faz parte de uma jornada nacional, que inclui atos em outras cidades e tem como objetivo denunciar a visita de Obama, a entrega do petróleo, os acordos de livre comércio. Também pretende apoiar a revolução árabe e denunciar os ataques do imperialismo aos povos do mundo, como no Iraque, e que agora se repete na Líbia”.

“O PSTU apoiou o protesto e participou ativamente de sua organização. Durante a semana, o partido tem realizado várias ações contra a visita de Obama, com milhares de cartazes e até faixas em um avião que circula pelos céus do Rio de Janeiro.

“Desde as 16h, horário marcado para a concentração, os policiais demonstravam que não tolerariam o protesto. Chegaram a impedir a entrada de um carro de som na Candelária e não queriam deixar que a caminhada seguisse pela Av. Rio Branco.

“Apenas depois de uma longa negociação, de quase duas horas, a passeata pôde deixar a Candelária. No momento, já somavam 400 pessoas, inclusive muitas crianças. A passeata foi aplaudida ao longo da Av. Rio Branco, demonstrando que o apoio à visita não é unâmime.

“O acordo com o comando policial previa que a passeata seguiria até o Consulado dos EUA, onde seria feito apenas um ato simbólico, seguindo até a Cinelândia. O objetivo era ocupar a praça, símbolo de resistência à ditadura militar, e que Obama tentou usar agora como palco para seu discurso.

“Em frente ao Consulado, o ato iniciou com discursos, palavras de ordem. Simbolicamente, sapatos foram atirados contra uma bandeira dos Estados Unidos, repetindo um gesto comum nas revoltas árabes.

“No momento em que estavam reunidos em um grande círculo, os manifestantes e os jornalistas escutaram uma explosão ao fundo e foram surpreendidos com o avanço da polícia, que atacou com cassetetes, atirou com balas de borracha e lançou bombas de gás e depois perseguiu os manifestantes pelas ruas vizinhas. As cenas desse momento foram gravadas por manifestantes e estão em nosso site.

“Dezenas de pessoas ficaram feridas e entre 12 e 15 manifestantes foram presos. Entre eles, um estudante, menor de idade. Até as 22h, ninguém havia sido solto.

“A polícia declarou que coqueteis molotov foram jogados contra os policiais, atingindo um segurança do Consulado. Sobre isso, declaramos que nem o PSTU e tampouco qualquer uma das entidades que organizaram o ato concordam ou apoiam atitudes como essa no ato, convocado como uma manifestação totalmente pacífica.

“Este espírito pacífico era compartilhado pelos manifestantes. Entendemos que transformar a passeata em uma batalha apenas favoreceria o imperialismo, evitando que se discuta as verdadeiras intenções da visita. Neste sentido, desconhecemos os autores do ataque e queremos vir a público declarar nossa desconfiança de que provocadores tenham se infiltrado no ato, com esse objetivo.

“Os artefatos lançados não justificam a reação completamente desproporcional da polícia do governador Sérgio Cabral, que agiu atacando e prendendo a esmo. A selvageria se seguiu por várias horas, com policiais perseguindo manifestantes pelas ruas próximas a Cinelândia, revistando e prendendo sem provas.

“A ação policial derruba por terra qualquer respeito à liberdade e os direitos humanos e indica uma criminalização dos protestos, ao melhor estilo dos Estados Unidos. Um exemplo foi dado na delegacia, quando policiais exibiram suas “apreensões”: uma garrafa de cerveja que teria sido usada como parte de um coquetel molotov e um soco inglês. Para que a imprensa fotografasse, foi colocada uma bandeira e um cartaz do PSTU, atribuindo responsabilidade sobre os ataques. Desde quando uma bandeira, um símbolo de um partido político pode ser apresentado como algo criminoso?

“Exigimos uma investigação e uma resposta do governador Sergio Cabral e de seus secretários de Segurança e de Direitos Humanos sobre os fatos desta sexta-feira. Imediatamente, exigimos a libertação de todos os presos, principalmente o menor de idade, que, pela lei, não poderia estar em uma delegacia policial.

“Por último, o PSTU afirma que não deixará de protestar contra os Estados Unidos por conta dos ataques da polícia de Sergio Cabral. Continuaremos nas ruas, e nosso próximo ato será no domingo, às 10h, no Largo do Machado. Convocamos todos a participarem deste ato, e transformar esse dia em um grande repúdio à violência de hoje e a criminalização dos que lutam”.

(Correio do Brasil - de Brasília e Rio de Janeiro)

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Mídia dos EUA quase ignorou visita ao Brasil

Gustavo Chacra - O Estado de S.Paulo

O início das ações militares dos EUA seus aliados na Líbia ofuscou a viagem do presidente Barack Obama ao Brasil. A visita quase não teve repercussão na imprensa americana - bem diferente de quando o Obama esteve na Índia e na China.

As principais redes de TV mostraram a praia de Copacabana ao fundo para comentar as declarações de Obama sobre os ataques à Líbia. O site Politico.com ironizou os esforços da Casa Branca para atrair a atenção da mídia americana para as relações com o Brasil.

Todos estavam interessados apenas no que Obama falaria da Líbia. A mídia dos EUA criticou o presidente por ter viajado à América do Sul com o início dos bombardeios à Líbia e a crise criada pelo terremoto no Japão.


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