sábado, 16 de abril de 2011

Mantega reconhece ser difícil conter queda do real e combater inflação

Ministro da Fazenda, Guido Mantega defendeu nesta quinta-feira o acerto da estratégia do governo para mitigar a valorização do real, mas admitiu que combinar isso com o combate a inflação é difícil.Mantega negou que esteja tomando medidas em “conta-gotas” e falou que um exagero poderia ser danoso.

– Você não explode uma bomba nuclear porque se não os efeitos colaterais são piores que a medida em si. Temos tomado medidas severas – disse à agência inglesa de notícias Reuters antes das reuniões do G20 e do Fundo Monetário Internacional.

As declarações vêm num momento em que os índices de inflação se aproximam do teto da meta fixada pelo Banco Central para 2011, de 6,5%, enquanto o dólar segue numa trajetória cadente frente ao real. Segundo o ministro, sem as medidas tomadas pelo governo no câmbio, o dólar poderia estar agora entre R$ 1,35 e R$ 1,40 – nesta quinta, a moeda norte-americana fechou a R$ 1,580.

– Não é fácil conseguir conter a inflação, o que significa aumentar os juros, e ao mesmo tempo tomar medidas para conter a valorização do real. Mas acho que temos conseguido – disse o ministro.

Na semana passada, o governo dobrou para 3% a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) incidente nas operações de crédito ao consumo, em mais um esforço para tentar desacelerar a economia. Em dezembro, o BC havia adotado medidas macroprudencias com o mesmo objetivo. Segundo Mantega, elas estão funcionando. Em outra frente, o BC elevou o juro básico em 1 ponto percentual. Na semana que vem, os diretores do órgão devem adotar um aumento entre 0,25 ponto e 0,5 ponto, segundo estimativa do mercado.

O receio do governo e de vários economistas é de que juro mais alto intensifique a entrada de dólares no país que tem valorizado o real e prejudicado setores da economia brasileira. De acordo com Mantega, é preferível aumentar a taxação sobre a entrada de dólares do que impor restrições mais severas, como uma quarentena. Ele disse que o Brasil continua querendo capital de longo prazo.

– Quando você cobra IOF, está simulando a mesma coisa. Preferimos fazer com taxação do que fazer com quarentena. Mas dá mais ou menos na mesma – afirmou.

O ministro disse ainda que o Brasil não aceitará qualquer restrição à capacidade de impor controles de capital que ameacem prejudicar a economia do país.

Novas metas

Mantega também adiantou que o governo pretende estabelecer o equivalente a 3% do Produto Interno Bruto (PIB) como meta de superávit primário em 2012, dentro da expectativa de que a economia se expanda em 5% no período. Na sexta-feira, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, falará sobre o Projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2012, encaminhado ao Congresso Nacional.

O ministro ainda voltou a criticar a política de juros baixos praticada por países desenvolvidos que, segundo ele, contribuem para a especulação com as commodities, cuja alta é um dos motores da inflação global.

(CdB com Reuters - de Washington)

Nenhum comentário: