O Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores aprovou na sexta-feira por 60 votos a favor, 15 contra e duas abstenções a refiliação do então tesoureiro da legenda durante o período do mensalão, Delúbio Soares.
Apesar de algumas manifestações contrárias ao perdão de Delúbio, depois de horas de discussão os petistas consideraram que ele tinha pagado por seus erros depois de ter sido expulso do partido em 2005.
"Eu acho que foi a convicção que a maioria tinha de que ele havia cumprido uma pena e pagado pelos seus atos e podia, portanto, pelo comportamento que teve nesse período, ter seu pedido de filiação aceito", afirmou o novo presidente do partido, Rui Falcão, após a votação.
O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP), afirmou não temer uma reação negativa dos eleitores petistas à refiliação de Delúbio.
"Temos um projeto político para a sociedade mais amplo do que a discussão de um erro que o Delúbio cometeu... Esse assunto foi resolvido em 2006 porque foi amplamente debatido em 2006 os erros políticos que significou aquele processo e as pessoas votaram no PT. Naquele período, o PT foi o partido mais votado no Brasil", disse.
Mais cedo, antes da decisão, o assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, disse que não considerava o ex-tesoureiro "corrupto" ou que tenha agido "em causa própria" em 2005. "Quando eu votei pela expulsão foi pela gestão temerária (dele)", afirmou.
Delúbio não compareceu à reunião do diretório e com a decisão poderá concorrer a qualquer cargo público pelo PT.
Ele protocolou sua carta de refiliação ao partido na quinta-feira e, segundo assessores partidários, o documento "curto e grosso" tinha apenas três parágrafos, ao contrário da longa carta que redigiu em sua primeira tentativa de retorno à legenda, em 2009.
De todos os envolvidos, Delúbio, ex-tesoureiro do PT, foi um dos principais acusados de envolvimento no escândalo do mensalão, que veio a público em junho de 2005. Ele foi expulso do partido em outubro daquele ano, após se declarar culpado pela movimentação do caixa dois que beneficiou a legenda.
Ao assumir toda a responsabilidade, isentou a direção do PT e o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu de participação no esquema de financiamento ilegal do partido. Dirceu, ainda assim, perdeu mandato de deputado federal pela participação no caso.
O escândalo está sendo investigado pelo Supremo Tribunal Federal, que examina atualmente 38 pessoas. Duas deixaram o processo, o ex-deputado José Janene, morto em 2010, e o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira, que prestou serviços comunitários.
Principal escândalo dos dois mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o processo tem julgamento previsto pelo STF para 2012.
(Reuters - reportagem de Jeferson Ribeiro e Hugo Bachega)
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