Quissamã, medo e apreensão na campanha.

Antes das convenções, conversava com Seu Octávio

 Durante grande parte do dia de ontem percorri, a convite dos companheiros do PV-Quissamã, vários bairros e localidades, além da área central daquele município. A campanha eleitoral se dá em clima aparentemente festivo. As ruas são mescladas entre o azul e o encarnado, fazendo-me remeter ao pastoril que o veterano José Salles promovia anualmente, no período de Natal, em seu programa de auditório, Gurilândia, na antiga PRF-7, Rádio Cultura de Campos, quando funcionava num sobradão nos fundos da Catedral, e, ainda, na esquina da Ouvidor com 21 de Abril. No jogo, os dois cordões disputavam uma série de tarefas visando a uma vitória final. 

Em Quissamã, o clima, por muito que pareça, não é o mais amistoso. O vermelho representa a cor da candidata do Lula, a petista Fátima Pacheco, apoiada pela situação. o Azul, do Partido Progressista, veste a campanha do ex-prefeito e criador de todos que lhe fazem oposição hoje, Octávio Carneiro - em todos os cantos chamado carinhosamente de " O Véio".

Preferi andar sem nenhuma identificação junto com o meu irmãozinho Waltinho (Walter Silva Jr). Mas, pela cor vermelha do nosso carro, muitas pessoas se esquivavam a nos fornecer informações quando nos perdíamos ou outras quaisquer. Passei então a perceber um certo receio nas pessoas. Não conseguia identificar de pronto. Mas quase duas da tarde e já era hora de parar para um rancho. Lembrei-me do Restaurante da Beth, local de comida caseira da melhor qualidade e atendimento sempre especial da própria Beth. Conheci a casa quando apresentava aos sábados um programa na Rádio Quissamã FM, que difundia principalmente as realizações da então secretária de Promoção Social quando era prefeito o hoje oposicionista Octávio, momento em que ela pleiteava uma das cadeiras a vereador. Exatamente a candidata que hoje concorre pelo PT contra Octávio.

Estranhei o restaurante vazio. Uma  mesa com dois senhores e uma outra com um senhor e uma criança que pareceu-me sua neta. Comentei com este suposto vovô o vazio e ele me disse que o "boicote" era por conta de Beth ter se candidatado a vereadora ao lado de seu Octávio. Passei a entender tudo e, principalmente, que o clima não era tão de festa assim.

Voltei para as ruas e, aí sim, pude perceber o invisível da campanha. As pessoas, na maioria em que conversei - não foram poucas e das mais diferentes ocupações - temem expressar o seu apoio ao azul por represálias. Mas garantem que jamais deixariam de votar no homem que construiu Quissamã e criou todo mundo que hoje está contra ele. Voz geral...Mas não sou IBOPE.

Vi vereadores arrependidos saírem do vermelho e, como filhos pródigos (na verdade espertos), se desculparem ao Véio e retornar ao seus braços. Tomei água, literalmente água, com um grupo de vermelhos que - eles sim bebiam cerveja - me garantiram a vergonha de estar contra o S. Octávio, mas que votariam nele. Coisa nada diferente dos milhares de municípios, Brasil afora... Em Quissamã, a marcação se intensifica pelo pequeno tamanho.

Falta pouquinho para as eleições. Pode ser que me engane, mas: neste pastoril, o encarnado vai desbotar até perder a cor!!!

Reafirmo minhas palavras no discurso bem antes do início do processo de campanha. Como falava para dirigentes e membros de partidos aliados que apoiariam a então candidatura do sr. Octávio: tivesse o prefeito Armando e seus asseclas, tivesse o povo de Quissamã, tivessem as pessoas de boa índole o mínimo de gratidão e reconhecimento, não competiriam com seu Otávio, que tem a seu lado a segunda mãe de todos, dona Hermínia. Mas o aclamariam prefeito eterno por tudo que fez por Quissamã e por ter participado da formação de quase todos os quissamaenses que hoje lhe abraçam ou lhe fazem oposição, principalmente os mais irados, que como loucos o apedrejam.