sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Consumo diário e exagerado de álcool pode causar cirrose em dez anos



"Consumos diários em torno de 20 – 40 gramas de álcool em mulheres e 80 gramas em homens (uma taça de vinho = 20g; uma dose de destilado = 60g; uma garrafa de cerveja = 25g) provocam o desenvolvimento de cirrose em aproximadamente 10 anos"


Nesta entrevista o gastrocirurgião Dr. Vladimir Schraibman (CRM-SP 97304), afirma que o consumo crônico e exagerado de bebida alcoólica causa sérios problemas ao fígado, o que compromete o órgão e pode culminar na necessidade de um transplante ou mesmo na morte do paciente.


Quais os problemas que o consumo de bebidas alcoólicas traz ao fígado?
Resposta: O consumo crônico e excessivo de bebidas alcoólicas pode causar uma variedade de problemas hepáticos, incluindo excesso de gordura no fígado (esteatose), hepatite alcoólica (inflamação) e, finalmente, cirrose - dano permanente ao fígado, com possível necessidade de transplante. Além disso, o abuso de álcool aumenta o risco de pancreatite (inflamação do pâncreas), miocardiopatias (doença do músculo do coração), traumas (secundários a acidentes por embriaguez) e o desenvolvimento de inúmeras doenças em recém-nascidos de mães alcoólatras.
Quais os principais sintomas que indicam que o fígado está comprometido?
RespostaSangramentos, inclusive nas fezes e nos vômitos, náuseas e pele amarelada.
Para o fígado, o que é beber moderadamente, ou seja, até quanto é possível beber sem ter problemas?
Resposta: A quantidade de álcool que pode ser ingerida é bastante variável. Algumas pessoas são extremamente sensíveis aos efeitos da bebida alcoólica, enquanto outras parecem ser completamente imunes. E não existem testes laboratoriais para se determinar quem tem essa predisposição. Em regra geral, quanto maior a quantidade e o tempo de consumo, maior a chance de se acarretar danos ao fígado. O recomendável é, no máximo, 4 a 5 doses por semana.


Vale lembrar que a dose é medida pelo teor alcoólico da bebida. Sendo assim, no caso do vinho, uma dose corresponde a uma taça. Para a vodka, que tem maior teor alcoólico, a dose corresponde a menos da metade de um copo. A cerveja é uma das bebidas com menor teor alcoólico e a dose corresponde a uma lata de 350ml. Mas é necessário ter cautela no consumo, pois tudo que excede os limites da moderação tem consequências. Ou seja, quanto maior o teor alcoólico, menor tem que ser o consumo.
Há diferença entre homens e mulheres? Homens podem beber mais? Têm o fígado mais resistente?
Resposta: Sim, os homens possuem mais massa corporal, portanto apresentam uma tolerância maior ao álcool, visto que a diluição da substância em indivíduos maiores é maior. Consumos diários em torno de 20 – 40 gramas de álcool em mulheres e 80 gramas em homens (uma taça de vinho = 20g; uma dose de destilado = 60g; uma garrafa de cerveja = 25g) provocam o desenvolvimento de cirrose em aproximadamente 10 anos. Esta é a estatística para pessoas que não sofrem de doenças do fígado. Para aqueles que já apresentam danos no órgão, recomenda-se a abstinência total.
Qual o tratamento indicado para quem tem o fígado comprometido pela bebida?
Resposta: Acompanhamento médico constante e não ingerir álcool ou alimentos gordurosos.
É possível regenerar um fígado doente? As funções do órgão voltam ao normal?
Resposta: É possível até determinado estágio de comprometimento. Porém, a partir de certo ponto torna-se impossível e irreversível a mudança do quadro e é necessário se adaptar para viver com um fígado debilitado.
Quais os tratamentos mais indicados para a cirrose hepática, causada pela bebida alcoólica?
Resposta: O transplante de fígado geralmente é o caminho final desses pacientes. Porém, muitas vezes há óbito antes de se conseguir um novo fígado, infelizmente.
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QUAIS SÃO OS SINTOMAS DA CIRROSE? 




Muitas pessoas que desenvolvem a cirrose não têm qualquer sintoma ou têm somente a fadiga, que é muito comum. Entretanto, com a progressão da cirrose, os sintomas invariavelmente aparecem, já que o fígado pode não mais executar suas funções normais. O grau em que isto ocorre depende da doença hepática subjacente, dos tratamentos disponíveis, e de fatores individuais. Em alguns pacientes, os sintomas podem não aparecer por anos, mesmo depois que o fígado já se tornou cirrótico. Em outros, os sintomas podem jamais surgir se a causa da doença do fígado puder ser eliminada.


• A cicatrização formando nódulos dificulta a passagem do sangue através do fígado. Em conseqüência, as veias em outras partes do corpo fora do fígado, que não são acostumadas a carregar volumes grandes do sangue, tornam-se engurgitadas (estas formações de sangue anormalmente expandidas são chamadas varizes). Um local onde as varizes são geralmente encontrados é o esôfago, o tubo que conecta a boca com o estômago. Quando a pressão nas varizes alcança um determinado nível, seu rompimento pode causar sangramento maciço. 


• O fígado cirrótico e sua capacidade diminuída em produzir proteínas do sangue determina um acúmulo de líquidos no corpo, tipicamente nas pernas e pés (edema) e no abdome. (ascite). A ascite faz com que a barriga aumente. A ascite é também um meio rico para que bactérias cresçam, e a infecção da ascite (que é uma complicação grave) é chamada "peritonite bacteriana espontânea". 

• Os pacientes com cirrose têm tendência a sangramento. Isto é um resultado de dois fatores: Primeiramente, os níveis das células de sangue (plaquetas) que são essenciais para a formação do coágulo podem estar severamente diminuídos. Em segundo, determinadas proteínas do sangue feitas pelo fígado (chamados fatores de coagulação) estão diminuídas.



• A inabilidade em filtrar toxinas corretamente pode conduzir a uma circunstância chamada "encefalopatia hepática." Nos estágios iniciais de encefalopatia, os sintomas podem ser discretos ou difíceis de perceber, como dormir perturbado ou inversão do ritmo do sono (ter sono e/ou dormir durante o dia e insônia à noite). A encefalopatia hepática avançada está associada a confusão e, mesmo, o coma. Encefalopatia pode ser precipitada por sangramento ou infecção. 


• Os pacientes com cirrose têm comprometimento da função de seu sistema imune e são, conseqüentemente, propensos a infecções bacterianas. 


• A má-nutrição é muito comum nos pacientes com cirrose. Pode ser facilmente visível a perda de massa muscular nas têmporas e nos braços. 


• Muitos pacientes com cirrose têm algum grau de icterícia. O exato grau da icterícia é determinado por um exame de laboratório chamado de bilirrubina total. Uma bilirrubina total normal é menor do que 1 mg/dL. Uma vez que a bilirrubina alcança entre 2,5 a 3 mg/dL, os brancos dos olhos tornam-se amarelos. Níveis mais elevados são associados com amarelamento de toda a pele. 


• Pessoas com cirrose têm risco elevado de desenvolver câncer de fígado (carcinoma hepatocelular). O risco depende, em parte, da causa subjacente da cirrose. 

QUAIS SÃO AS OPÇÕES DE TRATAMENTO PARA A CIRROSE?

O tratamento para a cirrose está dirigido a deter ou retrasar o seu processo, minimizar o dano ás células hepáticas e reduzir as complicações. Na cirrose alcoólica, a pessoa deve deixar de consumir álcool. No caso de pessoas que têm hepatite viral, o médico poderia administrar-lhe esteróides ou medicamentos anti-virais para reduzir o dano á célula hepática.

Certos medicamentos podem ser recomendados para controlar alguns síntomas da cirrose como ardência e a acumulação de líquido no corpo (edema). Os diuréticos são medicamentos que ajudam a eliminar o excesso de líquido e prevenir a edema.

Através da alimentação e terapia com medicamentos /fármacos pode-se melhorar a função mental que se encontra alterada por causa da cirrose. A diminuição da ingestão de proteínas ajuda a que se formem menos tóxinas no trato digestivo. Alguns laxantes como a lactulose podem ser administrados para ajudar na absorção de tóxinas e acelerar a sua eliminação através dos indestinos.

Os dois problemas principais da cirrose são o falho hepático quando as células hepáticas deixam de funcionar, e o sangrado ocasionado pela hipertensão portal. Como tratamento para a hipertensão portal, o médico pode receitar medicamentos beta bloqueadores.

Se ocorre sangrado das varizes do estômago ou do esôfago, o médico pode injetar estas veias com um agente esclerotizante através dum tubo flexível (endoscopio) que se inserta através da boca até ao esôfago.

Em casos críticos, poderia ser necessário realizar um transplante de fígado. Outra opção de crurgía é a derivação portacaval (procedimento que se utiliza para diminuir a pressão na veia portal e nas varizes).

As pessoas com cirrose frequentemente vivem vidas saudáveis por muitos anos. Ainda quando surjam complicações, usualmente estas podem ser tratadas. Algumas pessoas com cirrose foram submetidas exitosamente a um transplante de fígado.

Não obstante, é importante recordar que todas as provas, procedimentos e medicamentos implicam riscos. Para tomar decisões informadas sobre a saúde assegure-se de perguntar-lhe ao seu médico sobre os benefícios, riscos custos de todas(os) as provas, procedimentos e medicamentos.


(Pesquisa de Fúlvia, por e-mail)



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