terça-feira, 20 de setembro de 2011

UENF estuda prevenção à leishmaniose

Doença ainda pouco conhecida na região - mas cuja incidência vem aumentando em todo o país, principalmente em áreas periurbanas - a leishmaniose vem atraindo os esforços de pesquisadores da UENF e da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP)/Fiocruz, em parceria com Secretarias de Saúde municipais, como é o caso da Secretaria de Saúde de Campos. De 2000 a 2009, foram registrados oficialmente dois casos no Norte Fluminense - um de LTA (Leishmaniose Tegumentar) e o outro de LV (Leishmaniose Visceral), este último detectado pela primeira vez na região.
Mas, segundo a professora Maria Angélica Vieira da Costa Pereira, que coordena as pesquisas na UENF, é possível que haja muito mais casos da doença na região, pois os sintomas da leishmaniose muitas vezes são confundidos com outras doenças. Maria Angélica, que atua no Setor de Parasitologia do Laboratório de Sanidade Animal (LSA) do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA) da UENF, coordena o projeto de extensão 'Multiplicação de saberes no controle da leishmaniose aplicada a municípios das regiões Norte-Noroeste do Estado do Rio de Janeiro', que tem como um de seus objetivos ampliar o conhecimento sobre os fatores da persistência e distribuição da doença.

- O público alvo são os agentes comunitários e profissionais de saúde. Através do projeto, multiplicam-se os saberes e trocam-se informações, ajudando-os a reconhecer a doença e, assim, encaminhar a população para o tratamento correto, em hospitais de referência - explica a professora.

Trata-se, segundo Maria Angélica, de um trabalho inédito, pois não existem levantamentos epidemiológicos regionais nem estudos aprofundados sobre a relação parasito-hospedeiro, bioecologia do vetor e sua forma de controle, além de educação ambiental para a população nas regiões Norte-Noroeste/Fluminense. A maior parte dos estudos está centralizada na região metropolitana do Estado e no Sul Fluminense.

- Encontrei um caso de uma senhora com suspeita de leishmaniose que, mesmo tendo relatado no posto de saúde que ficou doente após ter a perna picada por um mosquito, vinha sendo tratada há dois anos como se tivesse uma úlcera varicosa. Como o tratamento não dava resultado, ela foi obrigada a deixar de trabalhar, pois não conseguia se manter em pé por muito tempo - afirma.



Considerada uma das doenças negligenciadas - nas quais se incluem aquelas que são ignoradas pela indústria farmacêutica, por atingirem em maior escala as populações pobres e, portanto, não gerarem lucros -, a leishmaniose acomete cerca de dois milhões de pessoas em 88 países a cada ano. No Brasil, sua incidência vem aumentando em todas as regiões.

A doença é causada por protozoários do gênero Leishmania, transmitidos ao homem e ao cão pela picadados mosquitos da família Psychodidae, encontrados em matas. A LTA causa feridas na pele, enquanto a LV acomete os órgãos internos, sendo, portanto, mais grave.

- Como não há vacina, as medidas utilizadas para o combate à doença se baseiam no controle de vetores e conscientização da população quanto aos riscos - explica Maria Angélica, que atribui o surgimento da doença na região ao desequilíbrio ambiental .

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