O músico Ed Lincoln é reconhecido como um dos fundadores do samba-rockDivulgação
RIO - O compositor e arranjador Ed Lincoln morreu às 17h30 desta segunda-feira, aos 80 anos. Sofrendo há anos de limitação de movimentos por causa de um acidente, seu quadro se agravou recentemente quando contraiu uma infecção urinária. Ele estava internado havia dez dias e morreu por conta de um quadro de insuficiência respiratória. O enterro será nesta terça, ao meio-dia, no Cemitério São João Batista, no Rio.
Ed Lincoln nasceu em Fortaleza, no dia 31 de maio de 1932, e aos 19 anos mudou-se para o Rio de Janeiro, onde sua música se tornaria conhecida. Curiosamente, o artista que marcou gerações em bailes e discos tocando órgão, começou a carreira com outro instrumento - sua estreia em disco, em 1955, é como contrabaixista do LP "Uma noite no Plaza", num trio com Luiz Eça (piano) e Paulo Ney (guitarra). Do baixo, ele passou ao piano e, mais tarde, ao órgão, no qual estabeleceu, a partir da década de 1960, sua sonoridade característica: um samba balançado, moldado para os salões. Gravou muitos discos (como "Ao teu ouvido" e "Ed Lincoln boate"), assinando seu nome ou o de conjuntos fictícios como The Lovers e 4 Cadillacs.
Em disco e nos bailes, Lincoln teve a seu lado grandes instrumentistas - como Bebeto Castilho, Durval Ferreira, Alex Malheiros, Márcio Montarroyos, Luiz Alves e Wilson das Neves. O baterista lembra que conheceu Ed Lincoln em 1959, quando chegou à boate Drink. Ambos, então, tocavam na noite, mas só começaram a trabalhar juntos em 1963.
—Fui tocar no conjunto dele e fiquei lá por uns três ou quatro anos. Ele nos ensinava tocando, tinha uma forma de conduzir que era um ensinamento—lembra Wilson.—É uma perda irreparável, um grande músico, de muito bom gosto e sensibilidade.
O conjunto de Lincoln também incluía cantores como Orlandivo, Silvio Cesar e Emílio Santiago, que lançou em 2010 o disco "Só danço samba", dedicado ao repertório do organista. Emílio ressalta títulos que sempre acompanham o nome do organista:
—Era o rei dos bailes, um dos fundadores do samba-rock. Ele escreveu o nome na música brasileira e na história carioca. Com Lincoln, aprendi muito, ele tinha uma sonoridade própria.
Em 1963 - mesmo ano em que havia lançado o histórico disco "Seu piano e seu órgão espetacular", que tinha sua leitura para músicas como "Só danço samba" e "Influência do jazz" -, o músico sofreu um grave acidente de carro que o deixou parado por sete meses. O hiato acabou com o lançamento do disco "A volta", em 1964. Os bailes continuaram ao longo da década, No início dos anos 1970, Lincoln passou a se dedicar mais a jingles e trilhas sonoras. Interessado na tecnologia, chegou a fazer experiências com computadores e música ainda na década de 1980 - em 1988, chegou a gravar um disco, "Toque novo", num microcomputador.
Computadores à parte, a modernidade que sempre acompanhou sua música atraiu gerações mais jovens a partir do início do novo século. Em 2000, mesma época em que a obra de Lincoln começava a chamar a atenção de DJs britânicos, Ed Motta convidou-o para tocar órgão na música "Conversa mole".
—Sempre fui superfã. Tive a honra de ter sua participação no meu disco "Segundas intenções"—lembra Ed Motta.—Fui muito influenciado por ele na minha maneira de tocar piano. A música brasileira perde um grande instrumentista.
Até mesmo o funk carioca bebeu da fonte de Lincoln, regravando no início dos anos 2000 "É o Cid", parceria clássica do organista com Silvio César.
Após décadas longe dos palcos, Ed Lincoln se apresentou em 2003 na série de shows "Sambalanço, a bossa que correu o mundo" e no espetáculo "Saudade fez um samba" - ambos no Centro Cultural Banco do Brasil. Com a saúde debilitada por problemas pulmonares e de coluna (resquício do acidente sofrido em 1963), Lincoln se recolheu em Petrópolis. Em 2007, voltou aos estúdios para gravar uma participação no samba "Sem compromisso", numa colaboração com Marcelinho Da Lua.
O cineasta Marcelo Almeida filmou em 2010 o documentário "Ed Lincoln - O rei do sambalanço", que está em finalização:
—Foi maravilhoso conhecer o precursor do sambalanço. Ele foi extremamente original, criou um gênero—define Marcelo.
Em 2011, a gravadora Discobertas lançou a caixa "O rei dos bailes", com seis dos discos que Lincoln lançou na década de 1960.
—Foi um prazer ter realizado esse trabalho enquanto ele estava vivo—diz Fróes, que lembra que Lincoln trabalhava ativamente em seu estúdio na Lapa até pouco antes de adoecer.—Ele foi muito ativo nos bastidores e, depois que deixou de lançar discos, passou a gravar jingles publicitários, fazer direção artística e arranjos para outros músicos. Era um homem hipertalentoso, sabia muito bem trabalhar com computadores, esteve sempre muito antenado com o tempo em que vivia.
Ed Lincoln nasceu em Fortaleza, no dia 31 de maio de 1932, e aos 19 anos mudou-se para o Rio de Janeiro, onde sua música se tornaria conhecida. Curiosamente, o artista que marcou gerações em bailes e discos tocando órgão, começou a carreira com outro instrumento - sua estreia em disco, em 1955, é como contrabaixista do LP "Uma noite no Plaza", num trio com Luiz Eça (piano) e Paulo Ney (guitarra). Do baixo, ele passou ao piano e, mais tarde, ao órgão, no qual estabeleceu, a partir da década de 1960, sua sonoridade característica: um samba balançado, moldado para os salões. Gravou muitos discos (como "Ao teu ouvido" e "Ed Lincoln boate"), assinando seu nome ou o de conjuntos fictícios como The Lovers e 4 Cadillacs.
Em disco e nos bailes, Lincoln teve a seu lado grandes instrumentistas - como Bebeto Castilho, Durval Ferreira, Alex Malheiros, Márcio Montarroyos, Luiz Alves e Wilson das Neves. O baterista lembra que conheceu Ed Lincoln em 1959, quando chegou à boate Drink. Ambos, então, tocavam na noite, mas só começaram a trabalhar juntos em 1963.
—Fui tocar no conjunto dele e fiquei lá por uns três ou quatro anos. Ele nos ensinava tocando, tinha uma forma de conduzir que era um ensinamento—lembra Wilson.—É uma perda irreparável, um grande músico, de muito bom gosto e sensibilidade.
O conjunto de Lincoln também incluía cantores como Orlandivo, Silvio Cesar e Emílio Santiago, que lançou em 2010 o disco "Só danço samba", dedicado ao repertório do organista. Emílio ressalta títulos que sempre acompanham o nome do organista:
—Era o rei dos bailes, um dos fundadores do samba-rock. Ele escreveu o nome na música brasileira e na história carioca. Com Lincoln, aprendi muito, ele tinha uma sonoridade própria.
Em 1963 - mesmo ano em que havia lançado o histórico disco "Seu piano e seu órgão espetacular", que tinha sua leitura para músicas como "Só danço samba" e "Influência do jazz" -, o músico sofreu um grave acidente de carro que o deixou parado por sete meses. O hiato acabou com o lançamento do disco "A volta", em 1964. Os bailes continuaram ao longo da década, No início dos anos 1970, Lincoln passou a se dedicar mais a jingles e trilhas sonoras. Interessado na tecnologia, chegou a fazer experiências com computadores e música ainda na década de 1980 - em 1988, chegou a gravar um disco, "Toque novo", num microcomputador.
Computadores à parte, a modernidade que sempre acompanhou sua música atraiu gerações mais jovens a partir do início do novo século. Em 2000, mesma época em que a obra de Lincoln começava a chamar a atenção de DJs britânicos, Ed Motta convidou-o para tocar órgão na música "Conversa mole".
—Sempre fui superfã. Tive a honra de ter sua participação no meu disco "Segundas intenções"—lembra Ed Motta.—Fui muito influenciado por ele na minha maneira de tocar piano. A música brasileira perde um grande instrumentista.
Até mesmo o funk carioca bebeu da fonte de Lincoln, regravando no início dos anos 2000 "É o Cid", parceria clássica do organista com Silvio César.
Após décadas longe dos palcos, Ed Lincoln se apresentou em 2003 na série de shows "Sambalanço, a bossa que correu o mundo" e no espetáculo "Saudade fez um samba" - ambos no Centro Cultural Banco do Brasil. Com a saúde debilitada por problemas pulmonares e de coluna (resquício do acidente sofrido em 1963), Lincoln se recolheu em Petrópolis. Em 2007, voltou aos estúdios para gravar uma participação no samba "Sem compromisso", numa colaboração com Marcelinho Da Lua.
O cineasta Marcelo Almeida filmou em 2010 o documentário "Ed Lincoln - O rei do sambalanço", que está em finalização:
—Foi maravilhoso conhecer o precursor do sambalanço. Ele foi extremamente original, criou um gênero—define Marcelo.
Em 2011, a gravadora Discobertas lançou a caixa "O rei dos bailes", com seis dos discos que Lincoln lançou na década de 1960.
—Foi um prazer ter realizado esse trabalho enquanto ele estava vivo—diz Fróes, que lembra que Lincoln trabalhava ativamente em seu estúdio na Lapa até pouco antes de adoecer.—Ele foi muito ativo nos bastidores e, depois que deixou de lançar discos, passou a gravar jingles publicitários, fazer direção artística e arranjos para outros músicos. Era um homem hipertalentoso, sabia muito bem trabalhar com computadores, esteve sempre muito antenado com o tempo em que vivia.
Jornalista Humberto Moreira Rangel:
"Era amigo de um grande amigo: Orlandivo
Um grande perda para a MPB. Deve ficar nossa admiração pelo excelente músico, que foi pioneiro dos excelente músicos de diversos instrumentos que nosso país possui e exporta o seu talento para todo o mundo.
E o pior que ninguém divulga. Êta país sem memória!"
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