sábado, 4 de agosto de 2012

ROUBO DA LAMBRETA



Arcinelio Caldas
                            Nas comemorações dos cinco anos do Columbia Esporte Clube, a comissão organizadora da festa encomendou ao depósito de bebidas Arenari seis litros de Uísque doze anos da marca Old Par. O empregado da distribuidora de bebidas, incumbido de tirar a nota fiscal e levar a bebida ao Columbia, local do evento e próximo do depósito, tira a nota, prepara o pacote e sai para fazer a entrega. No destino da entrega vê o salão brilhando, admira-se com a decoração de Antônio Carlos Cabral de Mello, descalça-se e entra à procura de alguém para recebê-lo. O presidente do Clube, Luiz Gonzaga, recebe a bebida, pede ao tesoureiro Geraldo Ney para pagar o valor da nota fiscal apresentada e dispensa o entregador da encomenda. Cláudio guarda o dinheiro e, na saída, dá por falta de sua lambreta.

                                   Procura daqui, procura dali e nada de aparecer a lambreta. Retorna ao Clube e reclama com o presidente. Este por sua vez, aciona o segurança da rua e pede providências para localizar a lambreta. A esta altura do campeonato, várias pessoas já estavam à procura da lambreta do pobre entregador de bebidas.

                                   Frustradas todas as tentativas de localização da lambreta, o vizinho Loisel resolve chamar a polícia que, ao chegar, faz a Cláudio as perguntas de praxe: “Qual a cor da sua lambreta?” “Azul turquesa”, afirma Claudio. “Onde você a deixou?” “Aqui na porta do Clube”, confirma o lesado. A polícia num fusca branco da corporação roda o quarteirão, estende-se até a Lapa, indagando de um e de outro se não viram uma lambreta com as características informadas.

                                   Diante das infrutíferas buscas realizadas, o comissário de polícia sentencia o encerramento das diligências e orienta Cláudio a ir à Delegacia, munido da nota fiscal e documentos pessoais, dar queixa do furto. Em face das dificuldades impostas, Cláudio retruca que não tem importância, afirmando: “Vou a pé para o depósito, pois a lambreta, além de velha, estava pequena para os meus pés. Com o salário no fim do mês, vou comprar outra novinha em folha.” O comissário de polícia, mineiro desconfiado, inconformado com a ironia do momento, exclama em alto e bom tom: “Esta língua portuguesa ainda me mata de raiva sô!”                         

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