sexta-feira, 15 de junho de 2012

Ressaca antecipada ou descanso merecido...



Em certos momentos na política, como em tudo na vida, é preciso um tempo para repensar as nossas próprias atitudes, o nosso entorno, as atitudes que são tomadas pelos nossos companheiros, pelos nossos aliados e, até mesmo, pelos eventuais adversários aos quais fazemos oposição. Caso contrário, corremos o risco de contornar uma rotunda sem ter a percepção de que é necessário alinhar os pneus ao carro para sair do mero circular.
Há que se perceber a distância dos focos das ideias para, de uma forma verdadeira, objetivar o bom debate. Não se pode trabalhar um tema priorizando-se intenções distintas. Isto acaba levando a um desgaste infindo e desinteressante, à medida que os ideais jamais se encontrarão. Podemos nos aperceber que em algumas circunstâncias discutimos a causa, enquanto o interlocutor discute a sua causa. Quando então esta percepção nos chega, é certamente a hora de parar inicialmente o debate, que na sua essência deixou de existir por ter haver uma causa comum.
Manter a dosagem  da valsartana tem sido uma luta diária. Não quero perder esta luta. Para tanto tenho que regrar meus passos e meus pensamentos; ser mais comedido em minhas ações. Mais do que o tabaco e a cevada preciso de um descanso das idéias vãs ou palavreados signatários. Diz o grande Sérgio Ricardo que "Olhar um ponto fixo, cansa e desusa o olhar..." e, assim, precisamos exercitar a capacidade de se doar. Se doar ao lado de fora, com um olhar sereno e sem estéticas ou teor egoísta  que possam  excluir este ou aquele da sociedade, mas excluir apenas o meu sempre eu.
Às vezes, o discernimento das causas só pode ser entendido quando desnudamos suas consequências. Estas podem ser fatalmente letais e asfixiantes.
Por isso, um final de semana para refletir sobre o que penso, falo, prego... e o que penso estar fazendo!!! 


Abaixo, texto do Francis Wolf  que acabo de ler no http://robertomoraes.blogspot.com.br/


"A democracia é um regime curioso. Quando ela não existe, é objeto de desejo; quando existe, cessa de ser este objeto. O povo parece politizado quando aspira à democracia; mas se ele a obtém afasta-se da política. É como se, de repente, ele rejeitasse uma amante tão desejada a partir do momento em que a conquistou. Ele está para a democracia como Don Juan para as mulheres: a conquista mobiliza toda sua energia, a posse o entedia.
A democracia tem assim dois adversários: um inimigo externo, a tirania sob todas as suas formas; e um inimigo interno, o apolitismo. Existe um laço secreto entre estes dois adversários: “Democracia” pode bem significar poder do povo; o povo não gosta do poder. É o caso desde a invenção da democracia em Atenas no século 5 a.C. O povo execra naturalmente aqueles que exercem o poder contra ele, mas tem horror de exercê-lo ele mesmo."

Nenhum comentário: