quarta-feira, 6 de junho de 2012

A história do Goytacaz, por Humberto Moreira Rangel




 O Goytacaz F.C., foi fundado em 1912, no dia de São Salvador, pelos senhores Otto Nogueira, Antônio Caramuru, Álvaro Nogueira, Luiz Cabral, Roberto Melo, Jaime Rego e João Ferreira de Araújo, conhecido por João Cunha. A primeira reunião foi realizada no dia 20 de agosto, constando esta data. como a de fundação, em virtude da confecção da Ata.. A reunião foi na casa do João Ferreira de Araújo, em Guarus, próxima da Ponte Municipal, atual Barcelos Martins. Na ocasião, foi eleita a primeira diretoria que ficou assim constituída: Luiz  Cabral – Presidente; Roberto Mello – Vice Presidente; Otto Nogueira – Tesoureiro; Jaime Rego – Segundo Tesoureiro; Rudah Martins – Primeiro Secretário; Álvaro Nogueira – Segundo Secretário; João Ferreira de Araújo – Fiscal e Manoel Patrão – Procurador.
A primeira sede do Goytacaz, foi na Rua 21 de Abril, 14, então residência do Sr. Otto Nogueira e o primeiro campo foi em Guarus, em frente a Igreja de Santo Antonio. que por muitos anos foi o padroeiro do Clube. Em seguida, mudado para a Praça de República, por uma concessão da Prefeitura e depois, para o campo do Luso Brasileiro, que ficava onde é hoje a Villa Maria, ao lado do Liceu.Tendo ainda, no final da década de 20, o novo campo foi instalado em uma área da célebre Fábrica de Tecidos, no início da Rua da Gáz, na Lapa, onde era o campo do Industrial.E uma década depois,  em 1935, se instalar no atual endereço, rua dos Goytacazes, 441, onde foi construído o Estádio da Cidade, hoje Estádio Ary Oliveira e Souza, com capacidade para 20.000 pessoas. Foi no Estádio do Goytacaz onde  foi jogada a primeira partida de futebol noturna, no interior do Brasil, quando da  inauguração dos refletores, em 5 de julho de 1930, em uma partida do Goytacaz contra o Rio Branco, de Campos.
O primeiro jogo do Clube foi no dia 25 de agosto, contra o Internacional, vencido pelo Goytacaz por 2X1, que jogou com a seguinte equipe: Claudinier, Mario Manhães e Catete; Álvaro Nogueira, Estevão Almeida e Adelino, Laranjeira, Lincoln, Jorge Gomes, Didi e Otto Nogueira.

Nome e Cores
Na época, fazia grande sucesso o romance “O Guarany”, escrito pelo cearense José de Alencar, em 1857, e que depois, o maestro Carlos Gomes transformou em marcante ópera. Em “O Guarany”, os personagens principais são Ceci e Peri. Peri, símbolo de ser forte, corajoso e íntegro, era um índio Goitacá, que apesar da tribo viver na região de Campos, ganhou fama nacional e um Goytacá, o Peri, foi ser personagem de um escritor cearense, em uma época que não havia telefone, fax, internet, etc. Daí o nome Goytacaz, ser muito importante, pois faz homenagem aos primeiros habitantes da nossa região. Já as cores, com um toque romântico e cultural, foram inspiradas na personagem Ceci, que tinha a pele branca e os olhos azuis. Como se vê, os fundadores do Goytacaz, eram bem cultos e deixaram este legado bem marcantes para todos nós.
O hino do Clube é de autoria do cantor José Barbosa, que apesar de torcer pelo Americano, fez uma das mais bonitas obras que conhecemos.


Títulos
São vários títulos de Campeão Campista de Futebol, lembrando que Campos foi a única cidade brasileira, fora as capitais, a ter um campeonato local de futebol. Em sua vitoriosa trajetória, o Goytacaz possui os seguintes títulos campistas: 1912 (o primeiro disputado em Campos),16, 26, 29, 31, 33, 37, 40, 41, 42, 43 (tetra) e 51, o último da era amador. Já na era do profissionalismo, foi campeão em 1955 - invícto -, 60, 63, 65 e 66. Pelo campeonato do antigo Estado do Rio, é o Goytacaz o maior vencedor, tendo vencido os campeonatos de 1955, 63, 66, 67 (bi) e o derradeiro, em 1978. A equipe que ganhou o bicampeonato, foi praticamente a mesma: Rodorval – o principal jogador e responsável pelos dois título, devido as suas defesas milagrosas -, Berlito, Pereira, Ronaldo Cajueiro e Pipiu; Dudu e Manenel; Mauricinho, Chico Preto, Carlos Augusto e Joceir ou Milton Barreto. No bi, o técnico Laélio Lopes teve que trocar Manenel , que estava em litígio com o Clube, devido a renovação de contrato, pelo jovem Ricardo Batata.
Em 1976, o Goytacaz começou a disputar o Campeonato Estadual e logo no primeiro ano, foi o 5º colocado e em 1977 e 78, foi bicampeão do Torneio Início Campeonato  Estadual, em pleno Estádio do Maracanã.
Nos anos de 1982 e 1991, foi campeão da 2ª Divisão do Estadual e em 1985, o maior título de sua história: vice campeão da Taça de Prata, campeonato brasileiro da 2ª Divisão, organizado pela CBF. A final foi contra o Tuna Luso, do Pará.
O Goytacaz foi o primeiro clube do antigo Estado do Rio a jogar no Maracanã. Em novembro de 1963, em um empate de 2X2, contra o Madureira, com a seguinte equipe: Moacir, Pereira e Ronaldo, Sérgio, Nei e Ipojucan. Mauricinho, Chico Preto, Corrêa, Ricardo Batata e Joceir. Este jogo foi transmitido ao vivo pela Tv Tupi, a maior emissora brasileira de Tv, da época.

Celeiro de Craques
Um dos maiores orgulhos do Goytacaz é ser celeiro do futebol brasileiro: já em 1923, para disputar o Sulamericano no Uruguai, cedeu direto, sem passar por nenhum clube dos chamados grandes centros, o ponteiro esquerdo Amaro Silveira, para ser titular da Seleção Brasileira. Seu Amaro é possuidor de uma história curiosa, pois só existem três casos de que pai e filho terem sidos titulares da Seleção Brasileira de Futebol: ele e o seu filho Amarildo Tavares Silveira,  titular da Seleção que ganhou o bicampeonato mundial, no Chile, Domingos e Ademir da Guia e ainda Djalma Dias e Djalminha. Saíram do Goytacaz: Orlando Fumaça (Vasco da Gama), Paulo Marcos (Internacional); Tite ( Fluminense, Santos e Seleção Brasileira ); Edevaldo ( Fluminense, Internacional e Seleção Brasileira ), Piá ( Flamengo ), Tinho  (Vasco da Gama), Ricardo Batata ( Fluminense), Wilson Bispo ( Brasília ); Jussiê ( Cruzeiro ), Jarbas ( Flamengo e Seleção Brasileira), Amaro (América, Atlético de Madri e Seleção Brasileira), Paulinho Almeida ( Flamengo, Palmeiras e Seleção Brasileira), Milton Bororó (Flamengo e Seleção Olípica Brasileira). Também saíram do Goytacaz: o sambista Roberto Ribeiro, que foi goleiro dos juvenis e o ator Tonico Pereira, ponteiro direito que foi para os juvenis do América do Rio e hoje é um dos principais atores brasileiros e um dos maiores divulgadores do Clube.
Segundo pesquisa da revista Placar, o Goytacaz possui a quinta maior torcida do Estado do Rio. Ficando apenas atrás dos grandes da capital. E isto é verdade, pois em 2010, disputando o Campeonato da 2ª Divisão, o Clube teve a maior renda e publico, do que todos os clubes pequenos e do interior do Estado, inclusive os que disputaram a 1ª Divisão. No último boletim da CBF, o Goytacaz consta como o 81º, no ranking da entidade

 Esporte Amador
Sempre inovando, o Goytacaz foi pioneiro do futebol feminino em Campos, com uma equipe de se destacava pela beleza das moças e pela qualidade do futebol apresentado.
Teve ainda destacada atuação nos campeonatos campistas de basquete. Em 1942 foi campeão de juvenis, com os seguintes atletas: Ialdi Reis, Gil Wagner, Heitor, Herval Santafé (Lord Broa), Michell Issa, Joãozinho, Jorge Vasconcelos e Antonio Carlos Machado. Esta equipe, anos mais tarde, venceu também o Campeonato Campista de Aspirantes.
No ciclismo também fez história. Na prova ciclística de São Salvador, a segunda mais antiga do Brasil, que acontece desde 1945, no dia 6 de agosto, dia dedicado ao Santíssimo Salvador, o Goytacaz venceu em 1949, com o ciclista Euclides Cabral, mais conhecido como Aragão, que até hoje é o mais referenciado ciclista de Campos, tanto que o Memorial dos Ciclistas, no Cemitério do Caju, é uma homenagem a ele, onde podemos ver uma estátua em sua homenagem. O Memorial é uma obra do lendário Gerardo Maria Ferraiolli, o Patesko, símbolo e referência do ciclismo em Campos. O Goytacaz venceu ainda as provas de 1970, 71 e 72, com Ivan Barcelos, legítimo tricampeão, da prova mais charmosa do ciclismo nacional.

Torcidas
 “Um fenômeno, só equiparado ao Corinthians paulista” – Assim se refere ao Goytacaz, o escritor e jornalista Péris Ribeiro, ao se referir ao fanatismo de sua torcida. Hoje, com 23 anos sem ganhar um grande título, vemos jovens de 16, 17 anos, meninos e meninas, que nunca viram o clube vencer uma grande competição, lotar as arquibancadas, apoiando e vibrando com o Goyta, onde ele joga.  E esta massa, consegue formar torcidas como Dragões do Goytacaz; Jovem Goyta; Mancha Azul; Rasta Goyta; Fiel Alvianil; Os Guerreiros e as duas de maiores idades:  Goyta Rei e a Pisa Show, a única torcida que é acompanhada por um boi pintadinho. Este boi consegue denunciar quem vai embaixo, pois quando o chefe da torcida, o “Pisa na Barata”, que é manco, carrega o boi, com certeza todos sabem quem é ele! E assim, com bastante alegria, irreverência e disposição, assistimos ao bonito espetáculo de ver os estádios coloridos de azul e branco.

Humberto Moreira Rangel
Conselheiro

Nenhum comentário: