Com mais de meio século, já se faz difícil ter em mente quantas enchentes presenciei em Campos e arredores. É claro que a de 66 foi a mais marcante e ameaçadora. Malvada! Afinal acabou com o campo do União do Queimado, após rasgar a chácara do Pão-de-Ló (hoje Pelincão) e parar a uns cinquenta metros do portão da nossa casa.
Naquela época de escassos recursos, a solidariedade entre as pessoas era fundamental. Parece que não, mas a própria população tinha que dar o seu jeito. A máquina administrativa era diminuta. Uma patrol era uma aeronave. A maior arrecadação era dos impostos próprios. Incomparáveis aos cerca de 2 bilhões anuais de hoje. Os governos estadual e federal eram os grandes realizadores das grandes obras. Talvez, por isso, a importância da eleição de políticos nessas duas esferas. Era a fase do "pires na mão". E, se assim não fosse, hoje Campos já estaria embaixo d'água neste período(agora, enquanto escrevo, as águas superam a marca de 10,8m). Queiramos ou não, a construção do dique conseguido pelo então deputado Alair Ferreira foi uma luta imediatamente após a cheia para evitar uma outra futura que porventura viesse. Isto só tem um nome: prevenção.
Nos últimos anos, o município tem se esbaldado em bilhões e bilhões de reais. Bobagem ser repetitivo acerca de tudo o que se tem dito amplamente sobre a aplicação de vultosa quantidade de dinheiro em verdadeiras bobagens eleitoreiras ou arrecadadoras. Jamais admitirei falar que sou contra uma cidade florida, bem urbanizada e humana. Basta ler postagens anteriores e perceber que há anos cobramos praças despoluídas de comércio em detrimento ao verdadeiro espaço público. Arborizadas e floridas. Um parque urbano de verdade, que se antecipe ao crescimento que se anuncia - imaginem toda a margem da BR-101, do Canal Campos-Macaé a Ururaí arborizado. Lagos e pistas para caminhadas e pedaladas. Anfiteatros e dezenas de espaços para esportes.
Não! Não sem antes termos resolvido os problemas que afligem a saúde, a educação, o transporte, o (des) emprego, o saneamento básico em 100% do município. Sim, temos de pensar Campos em todos os seus limites. Não enfeitarmos o Tamandaré, Pelinca e Centro para turista ver. Saia do centro de Campos e ande 2km para qualquer lado, que sinais de miséria e sub-condições de vida serão vistos.
Mas vamos lá: Para um governo que tem recebido as mais variadas queixas dos vários setores da sociedade pelo acinte de uma administração distante das reais necessidades dos seus munícipes e da sociedade como um todo - basta se recordar das recentes enquetes sobre a recente e badalada inauguração da "Moldura do Valão de Merda" nas mais diferenciadas mídias, casos NAN, chipes, terceirizações duvidosas, lançamento de um pacote caloteiro de 1 bilhão em futilidades, entre outras tantas carências diariamente noticiadas, com destaque na saúde, educação, segurança e transporte.
Aí sim, esta situação de cheias veio em boa hora para o (des)governo. Não para o "estado de emergência ou calamidade" que facilita os gastos públicos. Mas politicamente. Emprestando à mocinha um papel de solícita e presente às famílias que hoje sofrem pela própria irresponsabilidade dos últimos mandatários. Os mesmos que se cegam aos problemas das águas quando a calmaria chega. E se preparam para mais uma no próximo ano. Sem ações concretas e determinantemente solutivas para um amanhã.
Que venham mais cheias!!!!!!!
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