segunda-feira, 23 de maio de 2011

Um socorro pra lá de inesperado


Ontem fui levar umas aparas de pinus e eucalipto para uma farra gastronômica na casa do nosso amigo Orlando Sá. Uma improvisada costela com aipim no fogão a lenha. Só não sabia que a barriga a esquentar seria a minha. Mas valeu muito. Embora sem estar atualizado com as coisas da cozinha e muitas dores nas costas, foram algumas horas de tremendo relaxamento e ótimos papos. O resultado? aprovado pelos que — regados ao molho da fome e à ansiedade da espera — se deleitaram com os pedacinhos de boi morto. Particularmente, preferi ficar nos saborosos toletes de aipim.
Numa das idas à quitanda para encontrar tempero verde, um pneu ficou pra trás. Não fosse o jovem e disposto Demaco, arrastaria aquela roda até a casa do Landinho. Tudo resolvido? Voltemos ao bom fogão a lenha. Borracheiro? Amanhã a gente vê isso. Afinal, está na minha hora de testar essa perna de pedreiro. Resultado: cheguei em casa beirando a meia-noite, um pit stop rápido na Toca e cama.
No outro dia, manhã agitada. Médico, exames, autorizações, banco...ufa. Às cinco, pegar a avó das meninas na geriatra e descarregar no São José. E vamu que vamu com esse transitinho calmante. Daqui a pouco tem Cordel Encantado e quero saber se Açucena vai virar Aurora ou vai mesmo continuar a doce e pura sertaneja.
Eta cacete!!! Foguete a uma horas dessas?!? O pessoal da prefeitura gosta mesmo de um barulho pra dizer que está inaugurando um banco de praça. Gasta mais com fogos do que com o próprio banco.... mas, eta língua, chicote da bunda. Foi o outro pneu que estourou bem em frente à upa da 101. Pronto. 'Tô frito, sem estepe e em rodovia federal. Trânsito intenso do final da tarde...Multa, carro rebocado e eu de bengala "sentado à beira do caminho".
Pensa rápido e dá um jeito. Despacha a dona de táxi e se vira. Em tempo de celular tudo fica mais fácil. Será? Flávio, meu filho, sabe a hora certinha de atender celular. Se for um churrasco um toque é o suficiente. Mas como não era, tocou, tocou até cair.
Zezé fora de área. Raphael, nada. A noiva de um amigo passa no trânsito complicado, porém lento, mas deu perfeitamente para ela perceber a minha necessidade de socorro. Que nada, hoje cedo me telefonou e falou acerca do ciúme do noivo gordo e da sua proibição de ajudar mesmo a amigos no trânsito. Segundo ela, ele acha que pode rolar um flerte oportunista. Tadinho!
A noite se fez presente. Eu ali bem naquele entrocamento doido da br. Uns que descem a ponte querendo pegar em direção ao Fundão disputando com os carros que vêm em sentido contrário na br e entram em preferência na mesma rua. Resultado: buzinaço, discussões e muita, muita poluição. Quer saber? Vou fechar o carro. Pegar um táxi e voltar amanhã. Afinal estava bem na ruazinha abaixo da br, bem abaixo de um poste de iluminação. Mas... cadê coragem?
Uma última tentativa: as lojas de pneus. Sem catálogo, é lógico, pedi a minha filha que pesquisasse e me enviasse em mensagem para o celular. Confesso que fui telefonando de acordo com a ordem que ela me enviou. As quatro primeiras chamadas foram para grandes lojas de rede. Todas garantiram não ter serviço de socorro. Que eu deveria tentar um reboque e levar o carro até a loja, etc, etc.
Na quinta tentativa leio Abud Pneus. Vamos ver.
—"Abud Pneus, Boa noite". Comecei a narrar a situação. Confesso que meio desesperançoso. De repente fui interrompido.
—"Senhor, tente me explicar aonde o senhor está exatamente. Me dê um ponto de referência". Automaticamente comecei a falar. Na pista debaixo da 101, pouco após a UPA... Do outro lado confirmaram o modelo do carro e uma voz tranquilizadora pediu que eu tivesse calma que já estavam chegando. Mas pobre quando vê esmola demais desconfia. Ia mesmo era pegar um táxi e deixar o barco correr...
Enquanto ainda tentava contato com uma central de táxi, todas congestionadas - afinal, está mais fácil pegar táxi no Rio do que aqui na hora de pico - uma buzina dá um sutil toque ao meu lado e o carona, já descendo, pergunta: "Demorei?". Confesso que não acreditaria se não estivesse ali presenciando o motorista que já descera e se dirigira para o porta-malas para pegar macaco, pneu montado, chave de roda e, até triângulo para segurança. Tudo isso não durou 15 minutos, entre o telefonema e eu já estar dentro do carro a caminho de casa.
Toda esta prestimosidade não se deu com uma empresa que investe em grandes campanhas publicitárias. Mas uma empresa genuinamente campista. Que mantém o espírito de nossa gente. Primeiro resolver o problema do vizinho, depois a gente vê.
No outro dia passei na ABUD PNEUS para devolver o seu conjunto e resolver a minha vida pneumática. Só aí pude entender por que a loja está sempre repleta de amigos e clientes. Uns comprando, outros que passavam por ali, paravam para um simples cumprimento e um café fresco.
Parabéns ao Abud e ao seu filho, que ainda guardam o jeito campista de ser comerciante.
Ali sim, eu posso falar: Uma empresa de campistas, com jeito campista, para os campistas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Não tem coisa melhor pra fazer ?
busunga