quarta-feira, 11 de setembro de 2013

UENF: Preservando as orquídeas

Projeto de extensão da UENF busca conscientizar a população sobre necessidade de preservar as orquídeas em seu habitat

A região Sudeste concentra a maior parte dos produtores de orquídea — uma das principais flores cultivadas e comercializadas no país. Com o intuito de conscientizar a população sobre a necessidade de preservação destas flores em seu habitat, os professores Virgínia Silva Carvalho e Henrique Duarte Vieira, do Laboratório de Fitotecnia (LFIT) da UENF, realizam há cinco anos o projeto de extensão “Entendendo as plantas da família Orchidaceae: conhecer para preservar e produzir com sustentabilidade”.

Durante os cinco anos deste projeto foram ministrados mais de 40 cursos na UENF, na Associação Orquidófila Vale do Itabapoana (AOVI) e no Jardim Botânico do Rio de Janeiro durante a Exposição “OrquidaRio”, com um público estimado de mais de mil pessoas.

— Nos cursos explicamos a importância de preservar as orquídeas em seu habitat e de não utilizar substratos oriundos da extração, como o xaxim e a casca de peroba, como formas de preservação do bioma. As orquídeas têm uma relação direta com fungos e insetos, sendo responsáveis pelo equilíbrio do meio ambiente — explica Virginia.

Os cursos buscam ampliar o nível de conhecimento e capacitar os produtores nas técnicas de cultivo e na produção comercial. Desta forma, vêm sendo oferecidos também cursos mensais sobre cultivo de orquídeas aos produtores, orquidófilos e demais interessados na produção de mudas de orquídeas in vitro.  
Virgínia Silva Carvalho
Neste ano foram desenvolvidos protocolos para a produção de mudas em larga escala visando atender aos produtores da região Norte e Noroeste Fluminense, como também aos mercados internos e externos. Segundo Virginia, o método utilizado para o semeio in vitro de orquídeas propõe a redução dos custos de produção. Portanto, há uma substituição de componentes do meio de cultura por outros mais simples como, por exemplo, a troca da sacarose P.A. por açúcar cristal, ágar por amido, entre outros que simplificam o preparo do meio de cultura e reduzem os custos de produção.

Além disso, o projeto busca impulsionar o desenvolvimento da floricultura na região Norte e Noroeste Fluminense, como também abordar a importância de reintroduzir plantas em ambientes de conservação e da reconstituição de habitats degradados pela ação indiscriminada do homem.

De acordo com Virginia, o fortalecimento de polos regionais e a grande variedade do consumo de espécies contribuem para o aumento da produção de orquídeas, o que garante maior empregabilidade tanto na área rural quanto nas cidades, propriedades e empresas agrícolas. 


— Esse crescimento representa uma alternativa altamente eficiente e eficaz para o desenvolvimento econômico e social sustentável e equânime entre as diversas macrorregiões geográficas do País — disse.

Segundo Virgínia, os pesquisadores envolvidos no projeto realizam reuniões mensais na UENF, todas as segundas quartas-feiras de cada mês, às 19h, na Sala de Conferência do prédio. P4.


Extrativismo era comum até o século XX

Até o século XX o comércio de orquídeas tropicais era realizado de forma extrativista e sem preocupação com a preservação dos habitats. Devido à falta de conhecimento das técnicas de cultivo, a maioria das plantas acabava morrendo na Europa, onde eram levadas após serem retiradas das florestas tropicais americanas e asiáticas. 

O cultivo comercial de orquídeas só teve um grande incentivo a partir do século XX com o aprimoramento dos métodos de propagação. De acordo com Virginia, a comercialização dessas plantas no Brasil é recente, embora a atividade já contabilize números bastante significativos. 

— São mais de 4 mil produtores, cultivando uma área de aproximadamente seis mil hectares anualmente, em 304 municípios brasileiros em 12 polos de produção. Atualmente é notável o crescimento e consolidação de importantes polos florícolas no Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Goiás, Distrito Federal e na maioria dos estados do Norte e do Nordeste. O Rio de Janeiro importa cerca de 90% das flores que consome, sendo o segundo maior consumidor do Brasil, o que se traduz em um grande potencial de crescimento da floricultura no estado — relata Virgínia, acrescentando que os dados da floricultura brasileira são apenas dos produtores de orquídeas. 
ASCOM/UENF:Thaís Peixoto
Álvaro Sardinha

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