Na natureza, uma semente pode gerar uma muda. Com técnicas de micropropagação, uma semente pode gerar até 256 novas plantas. Mas não há conhecimento específico sobre os melhores procedimentos para a propagação destas espécies in vitro. Vencer este obstáculo é a missão do grupo liderado na UENF pela professora Claudete Santa Catarina, do Grupo de Biotecnologia Vegetal (LBT/LBCT) do Centro de Biociências e Biotecnologia (CBB). Além de outros pesquisadores da UENF, o grupo também envolve pesquisadores da USP e da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).
Os estudos estão testando diferentes reguladores de crescimento e checando os que resultam em melhor taxa de brotação. Em linhas gerais, esta é a sequência: da semente se geram plântulas, que são seccionadas (divididas em várias partes), dando origem aos chamados explantes, que vão para o enraizamento in vitro. Cada explante já poderia dar origem a uma muda, mas o processo pode ser repetido até seis vezes, podendo gerar até 256 novas plantas. Em seguida vem a fase de aclimatação em casa de vegetação, por um período de aproximadamente 30 dias, com variações conforme a espécie. Ali a muda começa a ser preparada para realizar o metabolismo fotossintético - por assim dizer, 'caminhar com as próprias pernas'. Nestas espécies, os métodos de propagação convencional por estaquia são de difícil controle; quanto mais velha árvore doadora, menor a capacidade de enraizamento das estacas.
Ao mesmo tempo em que definem os melhores protocolos para produção e propagação das mudas em laboratório, os pesquisadores já estudam a aclimatação de parte do material. O passo seguinte será observação do comportamento das mudas em condições de campo.
Mudas serão plantadas em microbacias
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A interação da UENF com os agricultores se dá em microbacias localizadas em três municípios: São Francisco do Itabapoana, São José de Ubá e Trajano de Morais. Produtores cedem áreas ribeirinhas para o plantio de mudas e saem ganhando ao fazerem com recursos subsidiados um reflorestamento que teriam que providenciar por conta própria, segundo a legislação. Além disto, os produtores ganham a médio prazo com o crescimento na oferta de água mediante a recuperação de áreas de nascente, olhos d'água e áreas ribeirinhas.
- Estamos trabalhando nas microbacias de Caixa D'Água (Trajano de Morais), Valão de Santa Maria (São José de Ubá) e Brejo da Cobiça (São Francisco). É lá que pretendemos fazer os experimentos com as mudas produzidas através das pesquisas da professora Claudete - explica o pesquisador.
A demanda por mudas na região já é grande e tende a ser maior nos próximos anos. Segundo Marcelo, a procura só não é maior porque muitos produtores ainda não cumprem as prescrições da lei. As discussões em torno do novo Código Florestal, que poderão resultar na dispensa de multa para quem reflorestar áreas que deveriam funcionar como reserva legal, já aquecem o mercado de mudas de espécies florestais.
- Estamos monitorando estas áreas desde 2006 para verificar os índices de biodiversidade, pois a recuperação de matas sempre traz consigo a volta de animais que andavam sumidos. Alguns fragmentos de floresta estão crescendo, e um resultado mais efetivo deve ser visto em dez a 20 anos. Mas já há relatos animadores feitos por agricultores - diz Marcelo.
ascom/uenf
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