ESTOCOLMO - Criador do método de fertilização in vitro, que permitiu o nascimento de 4 milhões de pessoas desde 1978 e tem ajudado milhares de casais inférteis a terem filhos, o professor emérito da Universidade de Cambrigde, Robert Edwards, de 85 anos, venceu o prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia de 2010. O anúncio foi feito nesta segunda-feira pela Fundação Nobel, no Karolinska Institutet, em Estocolmo, na Suécia. Edwards vai receber 10 milhões de coroas suecas, equivalentes a quase US$ 1,5 milhão.
Edwards e Patrick Steptoe, cientista que morreu em 1988, desenvolveram a técnica de fecundação in vitro, pela qual os óvulos são fertilizados fora do corpo e são implantados posteriormente no útero. Os cientistas britânicos foram responsáveis pelo nascimento do primeiro bebê de proveta, Louise Joy Brown, em 1978. O desenvolvimento da fertilização in vitro começou nos anos 50. Edwards coordenou o processo desde as primeiras descobertas até os tratamentos de fertilidade atuais.
"Suas descobertas tornaram possível o tratamento da esterilidade que afeta uma grande parcela da humanidade e mais de 10% dos casais no mundo", explica o comunicado do Comitê Nobel.
O início das pesquisas
Edwards dedicou-se por mais de 20 anos à pesquisa de como fazer óvulos e espermatozoides amadurecerem e depois fecundá-los fora do corpo. A ideia de fertilizar células humanas fora do corpo nasceu de estudos que já haviam comprovado a possibilidade de fertilizar óvulos de coelhos em tubos de ensaio com sucesso.
Ao desenvolver a técnica, Edwards descobriu como os óvulos humanos amadurecem, que hormônios regulam a maturação e em que momento eles estão mais propícios à fertilização. Ele também determinou em que condições o espermatozoide consegue fertilizar o óvulo.
Em 1969, ele conseguiu realizar a primeiro fertilização de um óvulo humano em um tubo de ensaio, mas, neste caso, o zigoto formado não se desenvolveu além de uma primeira divisão celular.
Steptoe era ginecologista e pioneiro na cirurgia de laparoscopia, usada para extrair os óvulos das mães. Como o segundo faleceu antes de ser premiado, Edwards foi o único beneficiado pelos estudos feitos na Clínica Bourn Hall, em Cambridge, fundada pelos dois cientistas e reconhecida como o primeiro centro de fertilização in vitro.
O método da fertilização in vitro, agora bem aceito, foi cercado de enorme polêmica quando Louise Brown nasceu, em 1978. Edwards sabia de todos os questionamentos éticos que surgiriam com a criação da vida in vitro, mas não se intimidou e continuou tocando suas pesquisas. Mesmo quando teve uma verba negada pela Medical Research Council, uma agência de financiamento do governo em 1971, os dois cientistas continuaram trabalhando para conseguirem criar o método de fertilização in vitro, com apoio de fundos privados.
"Olhando para trás, vemos como foi surpreendente que não só Edwards foi capaz de responder às críticas constantes sobre fertilização in vitro, mas que ele também foi persistente e imperturbável no cumprimento de sua visão científica", escreveu Christer Hoog, membro da comissão do prêmio Nobel , na página da Fundação Nobel da web.
Não se sabe por que o comitê do Prêmio Nobel demorou tanto tempo para reconhecer o trabalho de Edwards. É comum que o comitê ignore a determinação de Alfred Nobel de se premiar descobertas feitas no ano anterior à premiação. Mas um atraso de 30 anos é mais incomum.
(de O Globo com agências internacionais)
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