quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Passeio pela Baixada

Neste domingo tive o prazer de sair pela Baixada fazendo zig-zag por diversos pontos. Em certos locais, o bucólico ar da roça já é passado e sobrevive apenas na lembrança. É a mudança proporcionada pelo suposto progresso. Mas que bom que a diversificação chega! Os aspectos escravagistas de há poucas décadas parecem minimizados — aos olhos, pelo menos.

Quando cheguei a Mineiros, à direita, uma pequena estrada vicinal de poucas dezenas de metros — ora transversal, ora paralela à Campos-Farol — faz em breves minutos descortinar a beleza da casa grande dos Guaru (nome que me foi dito). Um dos mais belos exemplares da arquitetura rural aristocrática. Salvo engano, datada de 1816.

Com autorização, percorri aquela quase ruína. Cada cômodo parecia contar uma história própria, parecia querer dialogar. A sua varanda frontal recepciona com a elegância de seus degraus em granito e ladeados por gradis de ferro batido (Percebe-se que amigos do alheio, sem a mínima consciência histórica, têm subtraído peças deste conjunto).

As paredes internas ainda guardam, de algum artista, a inspiração que as transformou em tela para receber os florais. A ampla cozinha ainda traz os pinos de madeira presos numa base por sobre a pia, onde escorriam as panelas, as leiteiras, as canecas... O forro em treliças, para “respirar” e fazer sair a fumaça que naturalmente brotava do bom fogão à lenha. Duas grandes mãos francesas me deram a dica de que ali deveria ficar a caixa d'água que se aquecia com serpentinas que se enroscavam nas brasas, ferviam e retornavam em quase vapor. Tudo me remeteu a um movimento imenso que ele deveria ter nos dias em que o grande e mais suntuoso cômodo, a sala de festas, (a mesma das refeições diárias, julgo) se abria aos convidados.

É um salão central que tem toda a largura da casa. Charmosamente, duas varandas laterais, da mesma altura da varanda da frente e com os mesmos detalhes, abraçam as laterais da edificação morrendo em seu degrau mais baixo. O primeiro para quem ali chegasse, sem precisar entrar pela frente. Quatro pinturas de jovens me saltaram aos olhos. Duas em cada coluna entre as duas portas laterais, em meio às paredes tomadas de arte. Quem seriam aquelas crianças?...

O assoalho, bem alto, (afinal, as cheias sempre foram presentes bem vindos por ali), não está de todo perdido, muito pelo contrário, resiste ao tempo. Pelas poucas frestas formadas pela falta de algumas tábuas, é possível perceber a robustez da obra através das peças de madeira que, trabalhadas, escoram e sustentam a nobreza daquele patrimônio. Todas as paredes externas são detalhadamente trabalhadas. Imagino o jardim daqueles tempos...

Não conheço pessoalmente o proprietário, porém fui informado acerca da sua disposição de se desfazer, não apenas daquela obra de arte, mas de toda a fazenda que mede em torno de seis alqueires. Uma grande oportunidade de dotarmos a Baixada de seu memorial, ao mesmo tempo em que ressuscitaremos importante peça histórica que, sem dúvida, não merece estar com aquele ar de quem está pedindo socorro.

Gostaria de escrever muito mais. Da minha busca por resíduos da senzala, poços,etc...Mas já está de bom tamanho e... visitem. Com certeza todo campista deveria passar por ali, (principalmente nossas crianças e alunos de arquitetura, história, matemática, belas artes, artes cênicas, hotelaria, turismo, sociologia...)

6 comentários:

Anônimo disse...

Joca,
Desculpe fazer este comentário - em forma de questionamento - sem que o mesmo tenha relação com a postagem que você fez. Mas, a falta de tempo para acesso a internet me impede de aguardar uma postagem sua sobre este tema...
Em conversas com alguns amigos na semana passada, fizeram uma crítica ao PV, alegando uma "queda" do partido à direita em suas posições políticas, principalmente pelas atitudes e discuros de Gabeira (político que admiro), inclusive levantando até a possibilidade da candidatura de Marina Silva se tornar uma linha auxiliar à candidatura do PSDB.
Gostaria de saber, se possível, se realmente isso procede, e se no diretório municipal aqui de Campos existe este debate.
Obrigado e abraço
Gabriel

Anônimo disse...

Sua sugestão seria aceita se houvesse uma verdadeira política para a cultura em nossa cidade.
Já tenho algo de bom para fazer neste sábado com as crianças.

Anônimo disse...

Com a palavra os homi da cultura

Joca Muylaert disse...

Gabriel,
já respondo.
Abçs

Anônimo disse...

Conversa animada entre Ranulfo Vidigal, André – homem forte representante da empresa que aluga móveis e equipamentos para o CIDAC e, ninguém menos do que o colega ex-presidente Roberto Barbosa. Dizem que Barbosa apenas orientava Vidigal de como se fazer um convênio com o Pronasci.
O encontro foi num concorrido restaurante na Lagoa Rodrigo de Freitas, bem pertinho do super apê do Ranulfo, que no seu address se orgulha de ter Jardim Botânico.
Há quem garanta que o que se conversava era a união do atual com o ex, visando a volta ao poder em San Ruan.

Anônimo disse...

Conversa animada entre Ranulfo Vidigal, André – homem forte representante da empresa que aluga móveis e equipamentos para o CIDAC e, ninguém menos do que o colega ex-presidente Roberto Barbosa. Dizem que Barbosa apenas orientava Vidigal de como se fazer um convênio com o Pronasci.
O encontro foi num concorrido restaurante na Lagoa Rodrigo de Freitas, bem pertinho do super apê do Ranulfo, que no seu address se orgulha de ter Jardim Botânico.
Há quem garanta que o que se conversava era a união do atual com o ex, visando a volta ao poder em San Ruan.