Marina obteve 30% dos votos cariocas nas eleições presidenciais de 2010 |
Ciente de que as reviravoltas na reta final da campanha para a Prefeitura são uma tradição eleitoral no Rio de Janeiro – o último caso aconteceu com Fernando Gabeira (PV) em 2008, quando chegou muito perto de Eduardo Paes (PMDB) nos quatro últimos dias – o PSOL aposta na ex-ministra Marina Silva como um reforço capaz de levar seu candidato, Marcelo Freixo, ao segundo turno contra o atual prefeito. Dona de 30% dos votos dos cariocas nas últimas eleições presidenciais, Marina, atualmente sem partido, apóia alguns candidatos a vereador do PV e do PSOL, mas, travada pelos aliados políticos locais, tem mantido uma postura tímida em relação à campanha majoritária.
De acordo com a mais recente pesquisa de opinião divulgada pela imprensa, o prefeito Eduardo Paes tem 55% da preferência do eleitorado carioca em sua tentativa de reeleição. O aparentemente tranqüilo caminho do peemedebista, no entanto, ainda pode ser ameaçado pela candidatura de Freixo, que tem 19% das intenções de voto e é a única que cresce sem oscilação nos últimos dias. A candidata do PV à Prefeitura, Aspásia Camargo, aparece estacionada nas pesquisas com cerca de 2% das intenções de voto.
O apoio de Marina a candidatos do PSOL acontece em quase todo o país. Ela já participou, por exemplo, de atividades de campanha com os candidatos do partido às prefeituras de Belém (Edmilson Rodrigues) e Macapá (Clécio Luís). Na quarta-feira, em caminhada realizada em Maceió ao lado da amiga Heloísa Helena, Marina falou sobre a situação no Rio: “Existem duas candidaturas que são identificadas com a ideia do desenvolvimento sustentável: a da Aspásia e a do Freixo. No segundo turno, estarei com um dos dois”, disse a ex-senadora, que não gravou para a propaganda eleitoral de nenhum dos dois candidatos.
Logo no início da campanha, o presidente nacional do PSOL, deputado federal Ivan Valente (SP), alinhavou com Marina a participação da ex-ministra na propaganda eleitoral de Freixo. Paralelamente, setores do PV carioca conversavam com o PSOL sobre a possibilidade de dobradinha entre os dois partidos no Rio. A ideia, no entanto, não foi adiante porque o grupo ligado ao deputado federal Alfredo Sirkis, que controla o PV carioca, optou pela candidatura própria.
A ligação com Sirkis acabou engessando a movimentação política de Marina, que limitou ao máximo sua participação na campanha carioca. Nas duas últimas semanas, ela gravou participações na propaganda eleitoral de candidatos a vereador do PV e também para Jéferson Moura, do PSOL, que foi candidato a governador pelo partido em 2010. Aspásia usa imagens de Marina em seu material de campanha, mas a ex-ministra até o momento se manteve distante das atividades de rua da candidata verde à Prefeitura do Rio.
Heloísa e Gabeira
Com a ausência de Marina Silva, os candidatos a vereador pelo PSOL no Rio apostam no apoio da ex-senadora Heloísa Helena, que também tem no currículo um bom desempenho na cidade em uma eleição presidencial (17% em 2006). No caso do PV, a aposta é no ex-deputado federal Fernando Gabeira, figura muito popular na cidade, mas seu apoio explícito também se restringe a alguns candidatos a vereador do partido.
Superintendente do Ibama no Rio quando Marina estava à frente do Ministério do Meio Ambiente e candidato a vereador pelo PV nestas eleições, Rogério Rocco afirmou “compreender e respeitar” a postura mais discreta de Marina e aposta na companhia de Gabeira nesta reta final: “O eleitorado da Marina em 2010 no Rio foi muito diversificado. Nossa expectativa é que aquele setor que vota nos candidatos ambientalistas saberá identificar quais são os companheiros históricos dela e do Gabeira”, disse.
Novo partido
A postura de Marina nestas eleições pode ser explicada pelas crescentes pressões para que lidere a formação de um novo partido. A interlocutores, a ex-ministra tem dito que só tratará dessa questão em 2013 e que continua achando prioritário amadurecer o que qualifica como “movimento por uma nova política”. Aliados mais pragmáticos, no entanto, se preocupam com o risco de a eventual nova legenda não ser criada a tempo de disputar as eleições de 2014. Além de integrantes do PV e do PSOL, participam do grupo que discute as bases de um novo partido com Marina pessoas ligadas a PT, PDT, PSDB e PPS.
Em sua entrevista à Rede Brasil Atual, Marcelo Freixo evitou comentar sobre o novo partido: “Esse tipo de avaliação vai ter que ficar para depois”, disse. Aspásia Camargo seguiu na mesma linha: “Não desejo me distrair pensando nessas coisas que estão muito distantes da minha realidade, que é o processo eleitoral”.
-correio do brasil-
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