segunda-feira, 16 de março de 2009

Quem quer transparência...

Pedi a minha esposa para tornar público um documento familiar que ainda entregarei amanhã para satisfazer, mais uma vez, as exigências da prefeitura no que concerne à concessão, ao melhor, continuidade da concessão das bolsas do fundamental que envolvem minha família.
Elas foram concedidas após cumprirmos as orientações instituidas na época.

Temos que cortar na própria carne se lutamos por dias mais claros.

Isto é só o início!!!

joca
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professora Maria Auxiliadora Freitas
Ilma. Secretária Municipal de Educação de Campos dos Goytacazes

Vimos requerer a revisão do processo de concessão de bolsas referente a Carina D’Alessandri Muylaert e Poema D’Alessandri Muylaert, nossas filhas, mediante os seguintes argumentos:
1- A renda familiar comprovada através de contra-cheque no período de recadastramento não ultrapassa o valor divulgado para a obtenção de cada bolsa: R$ 2 mil.
2- Para duas bolsas, a renda deveria ultrapassar R$ 4 mil, o que não é o caso.
3- Conforme declarado no recadastramento o pai das crianças não possui renda no momento.
4- Por orientação da escola, as crianças iniciaram o ano letivo junto com os demais alunos da escola, em 09/02/09, mesmo sem uma posição da Prefeitura em relação ao recadastramento.
5- Desta forma, vêm estudando regularmente há mais de um mês, estando, inclusive, nesta semana, iniciando o período de avaliações.
6- Para tanto, cumprimos todo o procedimento de matrícula, o que incluiu o pagamento do mês de janeiro (que a bolsa não cobre) e apostilas (feitas pela própria escola), além do material escolar necessário para o início das aulas. Isso significou um dispêndio de cerca de R$ 2.800 (dois mil e oitocentos reais). O pagamento foi dividido em uma entrada de R$ 1.000 (mil reais) e três parcelas de aproximadamente R$ 600.
7- Cabe ressaltar que a entrada de R$ 1.000 só foi possível porque a mãe economizou uma parte do décimo-terceiro salário justamente com esta finalidade. As parcelas restantes só terminam de ser pagas em abril.
8- Além destes gastos, foram comprados uniformes novos, uma vez que os antigos já não cabiam mais nas crianças. Foram gastos na loja Safile R$ 170.
9- Por falta de dinheiro, não foram feitos gastos supérfluos, como por exemplo, tênis novos ou mochilas. Todo o material do ano passado está sendo aproveitado, na medida do possível, já que a renda da família está escassa.
10- Não temos condições econômicas de arcar com os custos da mensalidade de três crianças na referida escola, cujas mensalidades estão na faixa dos R$ 400 – realidade que se repete nas demais escolas próximas a nossa residência.
11- Além disso, não há mais vagas na única escola pública próxima a nossa residência, Escola Municipal Jacyr Barbeto. Estivemos lá na segunda-feira, 16/03, e fomos informados de que só há vagas até a quarta série (nossas filhas estão na sexta série).
12- Cabe ressaltar, ainda, que nossa terceira filha, que não era bolsista, possui um desconto em sua mensalidade, em virtude do fato de ter mais duas irmãs estudando na escola. O que, certamente, não será mantido caso as outras duas venham a sair da escola.
13- A família não possui sequer um veículo, mais simples que seja, para levar as crianças para estudar em uma escola mais longe. Portanto, teria que arcar com os custos do transporte escolar (que não fica abaixo de R$ 100 por criança).
14- Mas a questão não é só financeira, infelizmente. Uma mudança de escola justamente agora, em que elas se encontram já perfeitamente integradas neste ambiente escolar – inclusive já arcando com trabalhos para nota e avaliações – representaria um grande transtorno psíquico para elas (desde sábado elas se perguntam por que seus nomes não estão na lista, enquanto o da maioria de seus colegas continua lá, uma vez que não se acham em melhores condições financeiras que nenhum deles, muito pelo contrário!)
15- Problemas financeiros podem até ser contornados. Mas problemas psíquicos, numa fase da vida em que justamente estamos formando nossa base emocional, são muito mais problemáticos e podem deixar marcas para o resto da vida.

Solicitamos resposta na maior brevidade possível, haja vista os transtornos já registrados no seio da nossa família.
Por último, soubemos informalmente que a Escola João XXIII não pretende renovar o convênio com a Prefeitura Municipal de Campos pelo valor por esta estipulado. Por entendermos que a celeuma partiu de novas regras e entendimentos unilaterais do Executivo Municipal, rogamos seja apresentada concomitantemente uma solução não só para a minha família, como para as outras centenas, deste inusitado acontecimento envolvendo crianças e adolescentes.
Propaga-se que a municipalidade conseguiu só na programação do Farol de São Tomé uma economia em torno de R$ 6 milhões, fora outras amplamente anunciadas na imprensa, tendo como base a página oficial da PMCG. Como leigos em administração e finanças, mas vítimas de uma situação involuntária em que fomos envolvidos, indagamos: não seria de bom alvitre redirecionar as economias do lazer e da diversão (sem deixar de lado o reconhecimento da importância econômica do turismo) para sanar este impasse educacional que envolve, como já dissemos, centenas de crianças e adolescentes?
Aproveito para pessoalmente, eu, pai, registrar minha agonia em não saber que critério objetivo discriminou a não continuidade das bolsas das minhas filhas, bem como saber, com total transparência, a mesma avaliação e também critério objetivo para os alunos que continuaram contemplados.
Conhecedores de vossa luta pelo desenvolvimento do ensino e da educação em nosso município, da maneira democrática e dedicada que a senhora tem demonstrado em tornar transparente os atos dessa SMEC junto à opinião pública, aguardamos, como outras centenas de pais, e Campos de uma maneira geral, resposta às nossas indagações. Ou a Faixa de Gaza é aqui?
Jorge Luís Muylaert
Fúlvia Maria D’Alessandri Muylaert

17/março/2009

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