segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Grã-Bretanha adverte: álcool causa câncer



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Uma nova campanha do governo da Grã-Bretanha vai advertir que o consumo de duas taças grandes de vinho ou duas canecas de cerveja forte por dia triplicam o risco de câncer de boca. Na verdade, os anúncios querem mostrar que qualquer bebida além do recomendado diariamente aumenta o risco de sérios problemas de saúde.
As recomendações do Sistema Nacional de Saúde (NHS) são de que homens não devem beber mais que três ou quatro unidades por dia, e as mulheres não mais que duas ou três. Ainda, como parte da campanha Change4Life, as pessoas terão acesso a uma calculadora online para registrar o quanto estão bebendo. Serão distribuídos dois milhões de folhetos.
Para os que bebem, pretende-se encorajar que criem dias sem álcool, não bebam em casa antes de sair, mudem para bebidas mais suaves e usem copos menores. “É fácil cair no hábito de tomar uns drinques a mais todo dia, especialmente quando se bebe em casa. Mas os riscos podem ser sérios,” disse ao Independent o ministro da saúde Andrew Lansley.
A campanha foi feita depois de uma pesquisa com mais de 2.000 pessoas mostrar que 85% delas não sabiam que beber acima do recomendado aumenta o risco de câncer de mama. Cerca de 53% não sabiam que há riscos de câncer de colon e 63% que aumentam as chances de se ter pancreatite.
Além disso, 30% não sabiam que o álcool pode aumentar a pressão arterial, 37% não sabiam que ele pode impactar a fertilidade, e 59% desconheciam os riscos maiores de câncer da boca, garganta e pescoço.
Sarah Lyness, da Cancer Research UK, disse: “O álcool pode aumentar o risco de sete tipos de câncer, inclusive os dois mais comuns – mama e colon. Um estudo recente mostrou que 12.500 casos de câncer por ano no país são consequência do álcool.”

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Mais dados do Parceiro da Saúde:

O resultado mais impactante do estudo foi mostrar que o uso simultâneo de álcool e tabaco teve um efeito multiplicador: 65% dos 2.252 casos de câncer avaliados estavam entre bebedores que também fumavam.
O estudo mostrou que quem bebe ou fuma mais tem maior risco da doença.
Os 25% que beberam menos ao longo da vida (de 0,1 a 233,6 g de etanol por ano, sendo que uma lata de cerveja tem 14 g de etanol), tinham chance 2,26 vezes maior do que os abstêmios de ter câncer de esôfago.
Já os 25% que mais beberam (mais de 2 kg de etanol por ano ou 142 latinhas) aumentavam o risco de desenvolver o tumor em 9,26 vezes.
Dos bebedores de álcool, os que consumiam destilados tiveram um risco 12 vezes maior de câncer no esôfago.
Os dados também indicam que quem parar de fumar e beber reduz o risco de ter câncer nessas regiões.
A equipe de doze pesquisadores, dos quais seis brasileiros, foi coordenada pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer, com sede em Lyon, França.
Participaram pesquisadores de São Paulo, Goiás, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Dos 2.252 pacientes, 1.750 vieram do Brasil, 309 da Argentina e 193 de Cuba. O estudo foi publicado na revista “Cancer Causes Control”.
“O câncer é resultado de um processo longo de agressão ao organismo, até que uma célula fique tumoral”, diz Sergio Koifman, da Fiocruz (RJ), um dos autores.
Os pesquisadores descartaram outra causa possível de câncer no grupo estudado, o vírus HPV, pelo baixo nível de infecção presente.
Estudo do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, com 26,1 mil pacientes, mostra que 11% dos pacientes de câncer ali atendidos dizem consumir bebidas alcoólicas em excesso.
Pesquisa avalia riscos trazidos por cada tipo de bebida
O estudo sobre os efeitos de álcool e tabaco nos cânceres do trato aerodigestivo superior é apenas um dos mais recentes coordenados pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer.
Aos poucos, a cooperação entre pesquisadores de todo o mundo vai juntando peças do quebra-cabeça sobre os variados fatores de risco desse tumores.
Essa cooperação é conhecida como consórcio Inhance (“The International Head and Neck Cancer Epidemiology Consortium”, ou Consórcio Internacional de Epidemiologia do Câncer de Cabeça e Pescoço).
Um estudo anterior do Inhance analisou o risco de câncer de cabeça e pescoço para bebedores de cerveja, vinho e destilados.
Eles mediram o consumo total de etanol entre os que bebiam exclusivamente uma dessas bebidas, ou várias delas. Foram acompanhados 9.107 pacientes com câncer e 14.219 do grupo-controle.
Bebedores de cerveja e destilados tinham risco mais alto do que os bebedores de vinho, mas o resultado pode ser obra de outros fatores.
Segundo os pesquisadores, quem bebe vinho costuma ter hábitos saudáveis, como consumo de frutas e legumes.

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