quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Petrobras faz 60 anos e OGX ‘morre’ aos seis

                                                                           Gilberto Menezes Côrtes - Jornalista. 
                             As ações da OGX têm mergulhado no pregão da Bovespa
As ações da OGX, que valiam R$ 4,96 no início do ano,
fecharam o dia, nesta terça-feira, em R$ 0,21
É, no mínimo, emblemático que às vésperas do 60º aniversário de criação da Petrobras, a ser completado em 3 de outubro, seja declarada uma espécie de ‘morte’ da OGX (a Oil&Gas) de Eike Batista, que, como todas as demais empresas, levava o emblemático X (de multiplicador) adotado como marca pessoal do empresário que sonhava ser o mais risco do Brasil. A ‘morte’ foi causada pelo calote de US$ 45 milhões em juros que venciam hoje. Eike preferiu jogar com o tempo. Pela lei, tem + 30 dias para pagar. Se até lá não fizer caixa, com a venda de fatias do capital da OGX ou de outras empresas, a petroleira será levada a default. Uma quase morte.
Jamais acreditei na OGX, sobretudo na absurda valorização que suas ações alcançaram na abertura de capital (IPO) em junho de 2008 a R$ 11,31 por ação, registrando valorização de 19% no dia seguinte. Os papéis chegaram a valer mais de R$ 25 e hoje valem míseros R$ 0,20/0,22. A empresa foi criada em 2007 e não tinha explorado um poço de petróleo, mas teve ofertas de R$ 30 bilhões para o montante final vendido em leilão de R$ 6,7 bilhões. Antes da capitalização da Petrobras, em 2010, fora a maior captação do mercado brasileiro. Depois tivemos duas mega operações de mais de R$ 10 bilhões, do Santander e da BB Seguridade.
Para refrescar a memória, lembro que no lançamento dos papéis, que foram arrematados avidamente por 360 fundos de investimento do Brasil e do exterior, Eike (que recentemente, ao ser cobrado pela Comissão de Valores Mobiliários pelos estrondosos insucessos da OGX, que fechou vários poços na Bacia de Santos por serem considerados inviáveis, jogou toda a culpa dos fracassos aos ex-executivos da OGX) Eike atribuiu o bom desempenho da oferta inicial de ações da empresa “à qualidade dos profissionais que foram contratados e à transparência que tem sido seguida pelas outras empresas do grupo já listadas na bolsa”.
Está aí um bom ponto de partida para a CVM chamar esse fanfarrão à responsabilidade. Mas devia chamar também os administradores que arriscaram o capital de fundos de pensão, de previdência complementar e de investimentos nessa aventura sem graça. Conheci alguns investidores que acreditaram tanto no Eike e nos diretores da OGX que diziam, de “olho rútilo” (sic Nelson Rodrigues) que “ela é melhor que a Petrobras”.
Aliás, a CVM podia aproveitar e chamar explicações da Petrobras sobre o que foi feito com a montanha de dinheiro da capitalização de 2010. O governo, em nome da União, acionista controlador, deve explicar que a política de segurar os preços do GLP, do gás natural, do diesel e da gasolina esgotou toda a grana levantada para a estatal investir no pré-sal e na ampliação do parque de refino.

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