segunda-feira, 12 de abril de 2010

Por que a polarização ao debate?

A tentativa de polarizar a disputa à Presidência da República entre os candidatos do PT e PSDB, ignorando outras candidaturas, é a negação ao debate por um novo modelo de gestão. Quem tem dúvida do continuísmo abstrato do governo FHC nos anos Lula? A manutenção dos principais nomes da área econômica são prova disto.
O governo que se finda, como outro qualquer, adaptou programas, trocou de nome e adotou a criança. Dona Ruth Cardoso foi uma das principais colaboradoras ao criar, dentro do Comunidade Solidária, projetos que hoje são base de campanha e peso de troca.
O que criticamos localmente não é diferente do que assistimos no âmbito federal.
A polarização afasta o brasileiro de novos debates, principalmente do acesso às novas formas de se pensar e de fazer política.
Ficar com os dentes cravados no osso sem a perspectiva de novos horizontes é incoerente para pensadores e para quem acredita manter discurso de vitorioso na política, como se estivesse torcendo por um time de futebol em campeonato. E me parece bem isso.
Todos sabemos que uma Nação se constrói com uma democracia oriunda de partidos fortes nas mais diversas vertentes que uma agremiação política deve ter e ser. Mas, tal qual o futebol, a política também tem os seus cartolas. Os idealistas que chegam às cadeiras eletivas e lá passam pelo processo de mutação do poder. Tudo isto aliado a uma Legislação Eleitoral fraca e permissiva. Por que adiar a votação Ficha-Limpa? Por que permitir coligações e coalizões espúrias?
Parece que para deixar sem resposta militantes crédulos e dirigentes que não sabem explicar bem como uma eleição supera uma ideologia, baseada em programas e estatutos próprios. Aí vale tudo! Aí, a água pode se misturar ao óleo, e tudo bem!

Um comentário:

douglas da mata disse...

Caro Joca,

Me permita, como todo apreço que lhe dedico, "responder" as suas perguntas, embora as reconheça como retóricas, ou seja: na verdade você já tem as respostas que lhe interessa.

Mas como o objetivo é o debate, como você mesmom preconiza, lá vamos:

A agenda eleitoral não é uma mera imposição, ela também está relacionada a conjuntura, a História e as perspectivas de quem faz a História, ou seja, nós.

É claro que não podemos desprezar que essa polarização favorece o governo, mas, se ele(o governo)foi capaz de tornar sua agenda atrativa é porque tem méritos, para além das simplificações que você, deselegantemente, propôs.

O governo do PT trouxe diferenças sensíveis na gestão, e a sua candidata é parte dessa história e o capital político que ela apresenta, foi suscitado, em parte na gestão desse governo, que ela agora diz não servir.

A agenda da sustentabilidade ambiental e econômica não é pressuposto, caro amigo, ela é uma escolha política-econômica derivada de um modelo de desenvolvimento que o atual governo já pratica, com erros e acertos, mas que o coloca(reconhecidamente)como liderança mundial inconteste nas questões climáticas, como vimos recentemente.

Ou será que há uma "conspiração" mundial para colocar o Lula como interlocutor mais privilegiado nas cúpulas climáticas.

O problema, meu caro, é que o debate que você propões é baseado em premissas falsas.

Ficha limpa é entulho autoritário inconstitucional, pois quem deve escolher melhor seus quadros são os partidos e não a justiça.

O PV, por exemplo, escolheu deixar de ser um partido forte para ser linha auxiliar de César Maia e o que há de mais reacionário e conservador na política nacional, ao contrário do "progressismo ambiental" que dizem pregar.

É por isso que o debate está polarizado. Por que os interlocutores, como vocês, não sabem bem o que dizer!

Um abraço