Aloisio Di Donato
Agitai vossas bandeiras em defesa do ouro negro da terra, pois já é sentido na pele da “Saúde” a perda de
sua receita.
Campos dos Goytacazes, município referência em ser referência quando o assunto é dengue, já sente o peso
da perda de receita petrolesca antes mesmo do martelo ser batido no Congresso Nacional.
Pandemia, epidemia ou qualquer nome pomposo que possamos criar não alivia as dores ou manchas
avermelhadas que a picada do mosquito possa causar.
Fato é que o antes comemorado Centro de Referência da Dengue está hoje moribundo igual a qualquer
vítima do inseto picudeiro.
Ao TENTAR cumprir meu dever de cidadão, já que fomos vítimas involuntárias das mordiscadas mosquitais,
estive hoje cedo no que é denominado CENTRO DE REFERÊNCIA DA DENGUE.
Você já teve dengue? Não?
Meu amigo, seu corpo fica mole, seus olhos são um misto de ardência e queimação, sensação de enjoo,
febre, diarréia.
Pois é. Diarréia. Parece que o esgoto do mundo está sendo expelido por você, tem horas em que você
pede pra rezarem pela sua alma pois nem você acredita mais na salvação do seu corpo.
Uma verdadeira miséria.
Então, Centro de Referência da Dengue!
Nunca na minha vida tinha visto uma descrição sintomática de uma doença em um órgão público com tanta verossimilhança.
Se você nunca teve DENGUE e quer ver como é o sintoma, vá ao Centro de Referência da Dengue em
Campos dos Goytacazes.
O prédio está acabado, combalido, moribundo.
O roteiro da desgraça humana.
O paciente já ferrado( literalmente) adentra os espaço de Referência e espera que uma entidade espiritual
incorpore e dê alguma Referência de como proceder.
Filas surgem do nada e sem motivo nenhum.
Encostei em uma pilastra e, em menos de três minutos, tinham mais de 20 pessoas enfileiradas logo atrás.
Aí você acha um setor de cadastro: três carteiras escolares, posicionadas abaixo de uma tenda ao lado e fora
do prédio principal.
As carteiras escolares não estavam uma ao lado da outra, estavam uma de frente pra outra, como no tempo
de escola, juntávamos as três carteiras para jogarmos porrinha. Nada que fosse indicativo de que AQUI É SEU PRIMEIRO PASSO.
Logo ao lado umas cinquenta, sessenta pessoas sentadas aguardavam ou a morte ou serem abduzidas por Ets salvadores.
Minha intuição me levou a uma atendente sentada em uma das carteiras escolares: “Querida, bom dia! Como
faço para relatar um caso de dengue?
Somos três casos lá em casa e como sei que vocês fazem o monitoramento dos pacientes e locais para
cruzamento de dados e daí traçar as estratégias de combate, gostaria de fazer o cadastro, já fomos
medicados e viemos somente efetuar o registro.”
“Fala com aquela loirinha lá na porta, ela pode dizer pro senhor”, foi a resposta.
Agradeci e fui encontrar com a loirinha.
Relatei a mesma conversa acima.
Pasmem. Não existe registro.
Caso eu tenha interesse em virar número de estatística devo voltar as carteiras sob a lona, sofrer com o calor, preencher um cadastro via atendente a caneta, aguardar sentado a voz do além me chamar, ir visitar
UM médico para solicitar fazer um exame (que vai indicar se sou reagente) que demora 15 dias para ter o
resultado.
Ah! se os royalties não tivessem acabado...
Garanto que os 300 médicos que apareceram na foto no dia da inauguração, os computadores, enfermeiros,
macas e leitos ainda estariam em seus lugares.
Ah! , na próxima vez lembre que a picada do mosquito pode te derrubar por 15 dias.
Seu voto em uma urna pode derrubar um país inteiro e destruir uma geração...
Nenhum comentário:
Postar um comentário