sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Professor da UERJ lança livro sobre o campista Max de Vasconcellos



A Academia Campista de Letras recebe nesta segunda-feira, dia 12, em sua sede (Jardim São Benedito), às 19h, escritores, professores de letras, alunos, os próprios acadêmicos e todos os interessados (a entrada é franca) para ouvir o professor universitário e ambientalista Emilio Eigenheer, da UERJ. Ele fará o lançamento do livro “Max de Vasconcellos: o poeta da agonia”, resultado de intensa pesquisa sobre a vida e a obra dispersa deste campista que, a exemplo de outros intelectuais e artistas entre o fim do século 19 e a primeira metade do século 20, faleceu muito jovem, com apenas 28 anos de idade, vítima de tuberculose, ainda de difícil tratamento no período.  
Ocupando na ACL a cadeira que tem como patrono Max de Vasconcellos, o professor e escritor Fernando da Silveira se incumbirá da saudação a Emilio. a pesquisa que levantou dados sobre a trajetória de Max, realizada por universitários bolsistas, contou com a colaboração de outro acadêmico, o memorialista Welligton Paes. Cada exemplar do livro custará apenas R$15,00, com direito a autógrafo do autor.
O livro registra detalhes dos hábitos boêmios de Max, que circulou em ambientes de grandes intelectuais do país e do exterior, onde recolheu a consagração para seu talento, embora não tivesse, por falta de recursos e uma certa displicência, cuidado de reunir em livro seus trabalhos, todos eles elogiados por críticos, escritores e jornalistas seus contemporâneos, entre os quais o exigente Agripino Grieco.
O Intituto Historiar, de Campos, (através de seu criador Hélvio Cordeiro) narra em seu site que Max de Vasconcelos nasceu em Campos dos Goytacazes no dia 25 de maio de 1891. Fez seus estudos iniciais em sua própria cidade. Tendo sua família se transferido da planície (mantinha um relacionamento tumultuado com o pai), foi estudar humanidades no Rio de Janeiro, pois era seu ideal uma carreira científica. Entretanto, depois de muito estudo e êxito em todos os exames, preferiu entregar-se de corpo e alma à vida da imprensa. Militou em jornais da Velha Capital. Mais tarde frequentou uma das Faculdades Livres do Rio de Janeiro e diplomou-se em Direito. O ambiente o fez “um boêmio da raça dos Heine, Gerard de Nerval e Baudelaire”, como diziam seus contemporâneos.  
Exímio sonetista e declamador, Max de Vasconcellos era poliglota, falava várias línguas, e chegou a fazer versos em outros idiomas. No Rio, Max de Vasconcelos chegou ao auge de sua carreira de homem de letras. Inicialmente ingressou em “O Momento”. A seguir esteve na “Gazeta da Manhã”, de Niterói; em “A Notícia” e na “Gazeta de Notícias”, do Rio de Janeiro. Na maior parte do tempo, dedicava-se à boemia, freqüentando Cafés como “Geremias” e “Belas Artes”, à noite era visto no “Café dos Boêmios”, na Lapa. Visitou a Europa e deixou muitos trabalhos esparsos na imprensa, inclusive de Campos. E como tantos outros campistas, revelou-se poeta. Eis exemplos, em trechos de suas poesias:

AGONIAS
Cai o sol no delírio do Poente,
Em plena floração brota o Luar...
Das ruínas da igreja secular
bimbalha o bronze doloridamente...




HORÓSCOPO
Ai de quem, ao nascer, trouxe na palma
da mão esquerda a linha da Poesia,
cujo sulco fatal reflete na alma
a tarja negra da melancolia!...

SINO
Sino – boca do Além falando à vida,
voz do Passado orando no presente;
memória – em bronze de que já foi crente
o humano coração que hoje duvida...

DE VOLTA
Ao cabo, enfim, de tanta inglória lida,
na ânsia de falso bem, inutilmente,
por meus loucos desejos combatida,
torno ao teu seio hospitaleiro e quente.

Mas, venho de alma triste e arrependida,
de passo tardo e músculos de doente;
sentindo que falhou em minha vida,
tudo o que nela foi anseio ardente;

que em vão deram à dor dos meus desejos,
- bocas e taças mil, vinhos e beijos,
pois só trago hoje, ao regressar cansado,

a alma em febre e nos nervos doloridos,
a impressão dos martírios lá vividos
e o desespero de não ter gozado
.





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