domingo, 10 de maio de 2009

De Giuseppe Chiaroni

Dia das Mães

Mãe! eu volto a te ver na antiga sala
onde uma noite te deixei sem fala
dizendo adeus como quem vai morrer.
E me viste sumir pela neblina,
porque a sina das mães é esta sina:
amar, cuidar, criar, depois... perder.
Perder o filho é como achar a morte.
Perder o filho quando, grande e forte,
já podia ampará-la e compensá-la.
Mas nesse instante uma mulher bonita,
sorrindo, o rouba, e a avelha mãe aflita
ainda se volta para abençoá-la

Assim parti, e nos abençoaste.
Fui esquecer o bem que me ensinaste,
fui para o mundo me deseducar.
E tu ficaste num silêncio frio,
olhando o leito que eu deixei vazio,
cantando uma cantiga de ninar.

Hoje volto coberto de poeira
e te encontro quietinha na cadeira,
a cabeça pendida sobre o peito.
Quero beijar-te a fronte, e não me atrevo.
Quero acordar-te, mas não sei se devo,
não sinto que me caiba este direito.

O direito de dar-te este desgosto,
de te mostrar nas rugas do meu rosto
toda a miséria que me aconteceu.
E quando vires e expressão horrível
da minha máscara irreconhecível,
minha voz rouca murmurar:''Sou eu!"
Eu bebi na taberna dos cretinos,
eu brandi o punhal dos assassinos,
eu andei pelo braço dos canalhas.
Eu fui jogral em todas as comédias,
eu fui vilão em todas as tragédias,
eu fui covarde em todas as batalhas.

Eu te esqueci: as mães são esquecidas.
Vivi a vida, vivi muitas vidas,
e só agora, quando chego ao fim,
traído pela última esperança,
e só agora quando a dor me alcança
lembro quem nunca se esqueceu de mim.

Não! Eu devo voltar, ser esquecido.
Mas que foi? De repente ouço um ruído;
a cadeira rangeu; é tade agora!
Minha mãe se levanta abrindo os braços
e, me envolvendo num milhão de abraços,
rendendo graçs, diz:"Meu filho!", e chora.

E chora e treme como fala e ri,
e parece que Deus entrou aqui,
em vez de o último dos condenados.
E o seu pranto rolando em minha face
quase é como se o Céu me perdoasse,
me limpasse de todos os pecados.

Mãe! Nos teus braços eu me tranfiguro.
Lembro que fui criança, que fui puro.
Sim, tenho mãe! E esta ventura é tanta
que eu compreendo o que significa:
o filho é pobre, mas a mãe é rica!
O filho é homem, mas a mãe é santa!

Santa que eu fiz envelhecer sofrendo,
mas que me beija como agradecendo
toda a dor que por mim lhe foi causada.
Dos mundos onde andei nada te trouxe,
mas tu me olhas num olhar tão doce
que , nada tendo, não te falta nada.

Dia das Mães! É o dia da bondade
maior que todo o mal da humanidade
purificada num amor fecundo.
Por mais que o homem seja um mesquinho,
enquanto a Mãe cantar junto a um bercinho
cantará a esperança para o mundo!...

4 comentários:

Unknown disse...

Muito legal,Joca.

Quasepoesia disse...

Joca
Lindo poema...
Meu ultimo post.
Com carinho
O amigo
Luis

Ponha o seu coração na sua vida

Ponha o seu coração na sua vida,
Fazendo a sua vida renascer...
Sem ele a vida é um beco sem saida...
É o coração, ele só, que a faz viver...

Tome pois isso como coisa decidida.
Não deixe sua decisão esmorecer...
O coração faz a vida mais vivida...
O coração faz a vida acontecer...

Por isso não perca tempo e se decida,
Ponha o seu coração na sua vida
E desde ai faça por merecer

Toda paz, toda beleza escondida,
E toda delicadeza conhecida,
E a que ao homem ainda não é dado conhecer...

Provisano disse...

Joca, quase cheguei às lágrimas, me segurei macho.

Agora, atualize o blog, senão daqui a pouco é dia dos pais e ainda estamos estacinados no dia das mães.

Forte abraço irmão.

Centro disse...

Caríssimo, saudades de ti. Fala aí pra gente sobre o autor. Muito bom. Muitos defendem a forma na poesia, que também é válida. Mas esse texto de forte construção emocional mostra que as duas coisas são agradavelmente consoliáveis.
Mas Provesano tem razão. Posta mais!