"Procedi a tradução do documento que votamos em Dakar que demonstra a resolução dos Verdes Mundiais para ser defendida na RIO + 20.Sugiro a leitura e, se quiserem comentar e enviar alguma consideração, será interessante.Aos SECRETÁRIOS ESTADUAIS DE FORMAÇÃO, sugiro democratizar o documento com as municipais e estimular discussões a respeito desta resolução.Aguardo retorno!Um excelente final de semana.José Paulo ToffanoSecretário Nacional de Formação do Partido Verde"
III GLOBAL GREENS EM DAKAR
Resolução a respeito da Cúpula Rio + 20
Tradução para o
português: José Paulo Toffano
Revisão: Lunna Lima
Do grupo de trabalho Rio + 20
RETROSPECTO
1. A primeira conferência das
Nações Unidas para o meio ambiente e o desenvolvimento – a Cúpula da Terra –
aconteceu no Rio de Janeiro em 1992, onde os verdes do mundo todo se reuniram
pela primeira vez.
2. O resultado da Declaração do
Rio reconheceu o direito de cada nação buscar seu progresso social e econômico
e estabeleceu o conceito de desenvolvimento sustentável delimitado através da
integração dos pilares social, econômico e ambiental. Ela levou em consideração
o estilo de vida de nossa civilização atual e reconheceu a necessidade urgente
de uma profunda mudança nos nossos padrões de produção e consumo.
3. Em 2000 as Nações Unidas
estabeleceram as oito Metas de Desenvolvimento do Milênio para erradicar a
pobreza extrema, alcançar a educação básica para todos, promover a igualdade
dos gêneros fortalecendo as mulheres, reduzir as taxas de mortalidade infantil,
melhorar a saúde materna, combater o HIV/AIDS, malária e outras doenças,
assegurar a sustentabilidade ambiental, e estimular uma parceria global para o
desenvolvimento.
4. Essas metas devem ser
alcançadas até 2015, mas ainda passam longe dos seus objetivos.
5. A cúpula mundial Rio + 10 para
o Desenvolvimento Sustentável aconteceu em Johannesburgo em 2002 para renovar o
compromisso global de desenvolvimento sustentável, mas foi amplamente
considerada como uma oportunidade perdida tendo a agenda controlada por
interesses comerciais.
6. Em Junho de 2012 a comunidade
mundial retornará ao Rio para a conferência das Nações Unidas para o
desenvolvimento sustentável (Rio + 20), que focará dois temas: Uma economia
verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza e
a estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável. O governo
brasileiro quer fazer deste encontro o maior já realizado pelas Nações Unidas
em sua história, mas não fará sentido a menos que haja também uma ambição para
se produzir FORTES acordos para nos conduzir a um verdadeiro caminho de
desenvolvimento sustentável e a execução de uma governança ambiental.
7. Um milhão e 400 mil pessoas
vivem ainda na extrema pobreza (metade delas nos países chamados
Subsaharianos), um sexto da população do mundo está subnutrida enquanto a
insegurança alimentar aumenta e o desemprego e o subemprego continuam a ser
realidade para grande parte da população nos países em desenvolvimento; 70% das
pessoas que vivem com menos de US$ 1,00 por dia são mulheres; as mudanças
climáticas representam uma séria ameaça para a redução da pobreza, para os
direitos humanos, para a paz e a segurança e para o alcance das metas do
milênio em muitos países em desenvolvimento.
Nós, os Verdes do Mundo (Global
Greens), reunidos no congresso de Dakar, em 1 de abril de 2012, produzimos a
seguinte declaração:
1- Nós entendemos que as três
convenções, que nasceram no Rio, em Mudanças Climáticas (UNFCCC),
Biodiversidade (CBD) e Desertificação (UNCCD) significaram grandes passos na
cooperação multilateral internacional e geraram pactos complementares de
considerável valor, como o Protocolo de Kyoto, o de Cartagena e o de Nagoya.
2- A Rio + 20 tem que responder
ao desafio de uma população mundial, cuja expectativa de crescimento é de pelo
menos nove bilhões em 2050, o que exigirá demandas ainda maiores de nossos
limitados recursos naturais e levará a uma demanda sempre crescente por água,
solo e floresta. Isto irá causar perdas ainda maiores de biodiversidade, pesca
predatória, degradação do ecossistema, desmatamento e retirada de terra de
povos indígenas. A população mundial e o consumo exagerado tem que se voltar
para a melhoria da saúde, educação, bem estar social e o fortalecimento das
mulheres.
3- Tornaremos claras nossas
demandas a respeito das mudanças climáticas em uma outra resolução, mas devemos
enfatizar aqui que o aquecimento global e o aumento constante da instabilidade
climática colocam o contexto dramático e urgente contra o qual todos os
argumentos de sustentabilidade têm que ser ponderados. Dados recentes de que
estamos enfrentando aquecimento de 4 graus Celsius por conta das atuais
emissões de gases de efeito estufa nos leva novamente ao caminho de
autodestruição que nos encontramos.
4- Portanto, a Rio + 20
representa a oportunidade de negociar uma abordagem integrada e efetiva do
desenvolvimento sustentável através dos três pilares: ambiental, econômico e
social. Isso é imperativo para abordarmos os desafios múltiplos e
inter-relacionados que estão identificados pelas 8 Metas do Milênio das Nações Unidas,
assim como as questões de segurança alimentar, acesso e conservação à água
adequada e segura, desemprego e subemprego, mudanças climáticas e abastecimento
energético, guerra e abusos dos direitos humanos.
5- A Rio + 20 representa uma
grande oportunidade para reafirmar a visão sistêmica do desenvolvimento
sustentável, exigindo uma mudança radical do sistema atual. Necessitamos de uma
transformação ecológica e social que nos permita atingir os objetivos
fundamentais da justiça social e a preservação dos recursos naturais do
planeta. Nós precisamos desenvolver, com urgência, indicadores que englobem
esses valores e vão além da medida obsoleta e orientada pelo crescimento econômico
chamado PIB (GDP).
6- Precisamos com urgência de um
novo tratado para proteger e cuidar de nossos oceanos, que tem um papel
essencial nos processos climáticos mundiais, são fonte importante de energia,
abrigam uma rica biodiversidade, e provêm subsistência sustentável, bem como
elementos essenciais para a vida, incluindo comida, medicamentos e água fresca.
Todos estes atributos estão ameaçados.
7- Existem novas formas de
migração tais como os deslocamentos induzidos por questões ambientais e climáticas
e, portanto, pedimos pelo estabelecimento de novas políticas migratórias
direcionadas aos desafios internacionais das migrações induzidas por questões
ambientais e climáticas, reconhecendo que as pessoas têm o direito de se mudar
para sobreviver e de serem aceitas em outros países.
8- Com respeito ao tema da cúpula
- a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação
da pobreza - os Verdes do Mundo (Global Greens):
a) Insistem que a ênfase na
economia verde deve refletir a aceitação de limites ao crescimento econômico
(PIB) tanto nos países desenvolvidos como nos países em desenvolvimento e a
necessidade de se optar por formas genuinamente sustentáveis ou por redes de
carbono zero de desenvolvimento econômico.
b) Insistem que a ênfase na
economia verde deve refletir pensamento realmente inovador tal como o Conceito
do Pacto Verde (Green New Deal) que fornece empregos em trabalhos que protegem,
não danificam o meio ambiente; desenvolve tecnologias verdes. A nova economia
verde não deve ser um revestimento para a pintura verde corporativa (corporate
green wash) ou para tirar a atenção da necessidade de práticas sustentáveis,
mas facilitar uma mudança dos padrões de produção e consumo das economias
desenvolvidas e das emergentes.
c) Enfatizam a necessidade de
focar em desafios novos e emergentes do comércio mundial, tal como a escassez
dos recursos, o custo sempre ascendente das commodities, a necessidade de
transferir tecnologias verdes para os países emergentes, as consequências de
longo prazo para a estabilidade econômica e social de tais problemas e a
necessidade de redistribuir a riqueza dos países desenvolvidos para aqueles em
desenvolvimento e dentro dos próprios países. Os mecanismos e os meios para se
enfrentar esses desafios incluem a transferência de tecnologia verde entre
todos os países, tanto entre os desenvolvidos quanto os em desenvolvimento.
d) Salientam que a transição em
direção a uma economia verde exige ação imediata para a proteção dos
ecossistemas, eficiência e sustentabilidade dos recursos e da proteção do
capital natural, enquanto promove a produção e o consumo sustentável.
9- Com respeito ao tema da cúpula
- a estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável - os Verdes do
Mundo:
a) Entendem que os desafios à
frente estão mutuamente relacionados, são interdependentes e urgentes e que o
processo de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas deve receber uma
estrutura avançada e coerente, incluindo uma abordagem coordenada entre as três
conferências do Rio (Mudança Climática, Biodiversidade e Desertificação).
b) Pedem uma elevação da Comissão
de Desenvolvimento Sustentável (CSD) dentro da estrutura institucional das
Nações Unidas e considera que o Programa de Meio Ambiente da ONU e outras
agências relacionadas à ONU deveriam ser transformados dentro do sistema da ONU
pela criação de uma Organização Mundial de Meio Ambiente democraticamente
responsável.
c) Pedem pelo estabelecimento de
metas, alvos e indicadores claros para medição do desenvolvimento sustentável e
garantir resultados em 2020 e 2050.
d) Pedem pelo reconhecimento do
papel considerável das cidades na implementação de modos de desenvolvimento
sustentável.
e) Acreditam que a
responsabilidade ambiental deve ser incorporada em todas as instâncias de
governança local e mundial e insistir na imediata adoção do PIB Verde (Green
GDP).
f) Pedem uma corte internacional
de meio ambiente, para que a legislação ambiental global se torne mais forte e
executável e que esta alta corte possa resolver conflitos de regras comerciais
e a Organização Mundial do Comércio (OMC).
Nenhum comentário:
Postar um comentário