Fernando Leite - jornalista e ex-deputado estadual-RJ
Paira sobre o Rio uma sombra, justo sobre o Rio de Janeiro, um Rio solar.
Forças conservadoras fundamentalistas religiosas se articulam para a conquista do Poder. De um lado, o bispo da Universal, segundo homem na hierarquia da Igreja de Edir Macedo, Marcelo Crivela; do outro, o Garotinho, uma liderança forjada na luta popular, convertida ao atraso, ao incorporar os vícios políticos que combatia.
Ambos têm ideias necrosadas sobre o processo político-democrático e social; ambos, como lideranças, precisam da miséria cevada, como exército de Brancaleone, massa de manobra, como meio para seus fins. São perigosos porque são ideológicos.
Não custa lembrar que o Rio de Janeiro é um ente de uma federação republicana laica, mas, mais que isso, é um Estado plural, tolerante, irreverente, agitador, fomentador cultural, pátria do samba, ditador de moda, hábitos e costumes, berço de religiões afrodescendentes, historicamente, perseguidas, ultimamente, por conta do radicalismo ignorante e inquisitorial das novas seitas, impedidas de professarem sua crença no rito de passagem do ano, nas praias da zona sul. UM espetáculo belo de cultura e fé. Rio de Janeiro do Carnaval, maior espetáculo da Terra, tradução mais que perfeita do Brasil no exterior.
Quando uma ameaça dessa grandeza se anuncia, homens e mulheres de bem devem reagendar seus compromissos diários e encontrar um tempo, por mínimo que seja, para lutar, mesmo a “luta mais vã”, a luta com as armas da palavra contra a impostura, travestida de aliança eleitoral.
Que eles se acertem nos gabinetes, enquanto nós nos acertamos nas ruas, a grande arena do confronto democrático.
Eles querem fundar aqui uma republiqueta fundamentalista, unilateral, disfarçadamente autoritária. Não passarão!
Se depender de nós, o Rio de Janeiro continuará lindo. Em todos os sentidos.
(imagem postada por este Blog)
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